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CRIATIVIDADE E FENOMENOLOGIA

INTRODUÇÃO 
Neste estudo apresentamos um entendimento sobre as questões da fenomenologia em Oficinas de Criatividade, baseado em autores que tratam não só da questão específica das Oficinas, mas também, das diversas teorias e técnicas, que além de aplicadas devem ser percebidas e analisadas dentro do contexto em que se desenrolam as Oficina de Criatividade, enquanto grupo de terapia para idosas institucionalizadas.

Utilizamos os conceitos da Gestalt-terapia, do T'ai chi, da Narrativa, da Técnica de Alexander de postura corporal, da Auto-Imagem e da Criatividade. Em paralelo colocamos depoimentos e pareceres recolhidos durante a realização de Oficinas de Criatividade em uma instituição para idosos, dos quais desenvolvemos as atividades com as mulheres internas. Este trabalho foi desenvolvido no segundo semestre de 2004, e contaram com a participação, por Oficina, entre 14 e 19 mulheres. Em algumas destas participações contamos com a presença de voluntárias que atuam junto a instituição e funcionárias.

As Oficinas de Criatividade, aqui apresentadas, foram desenvolvidas na instituição Casa Madre Teodora dos Idosos, localizada na periferia da cidade de São Paulo, uma instituição religiosa da Igreja Católica Romana, dirigida por freiras. A instituição não tem fins lucrativos e abriga idosos com poucos recursos financeiros que possuem família, mas, principalmente, idosos residentes nas ruas da cidade e suas imediações, geralmente com problemas físicos, mentais ou ambos, com famílias conhecidas ou não.

Muitas das idosas participantes de nossas Oficinas de Criatividade são portadoras de deficiências físicas, estando em cadeiras de rodas ou acamadas. Somente as idosas com possibilidade de locomoção, por via própria ou por equipamentos, participaram das atividades, pois a instituição não dispõe de pessoal de apoio suficiente para transporta-las a outras áreas da residência.

Os depoimentos, com os quais ilustramos a teoria, apresentam as falas das idosas, da forma como foram expressas verbalmente e transcritas, e minha intervenção e análise enquanto psicóloga, os meus pareceres, também contidos neste, foram elaborados após a realização de cada uma das oito atividades de Oficinas de Criatividade. Os conteúdos completos das sessões são encontrados em anexo.

1. OFICINAS DE CRIATIVIDADE E A FENOMENOLOGIA
Os psicólogos, bem como os clientes, são provenientes da sociedade contemporânea fragmentada e caótica, identificada pela perda de valores fundamentais intrínsecos à condição humana que justificam a nossa existência. Os profissionais de Psicologia, segundo Cupertino (2001), ressentem-se da falta de critérios sólidos que norteiem sua atuação. Fato que ocorre devido à multiplicidade constitutiva do domínio da quantidade de atividades que podem ser exercidas profissionalmente, não submetidas aos rigores metodológicos, o que permite sempre a criação limites de aportes teóricos, organizados em sistemas representacionais e marcados pela cisão sujeito-objeto.

Para o profissional assumir este aspecto é fundamental para o exercício da Psicologia, a fim de se enquadrar naquilo que não consegue determinar a verdade como uma razão para estudar ou entender algo, a partir de referenciais científicos de representacão e sistemáticos.

Para ultrapassar este empasse o profissional lança mão do recurso de "sabe sem saber que sabe", o que Figueiredo (1995) denomina de "conhecimento tácito ou subsidiário" que é um saber vivenciado, a experiência que a vida proporciona, não sendo da natureza dos eventos representáveis, mas do que é formalmente aprendido, e que pode ser colocado em ação.

Os recursos para colocar esta atitude em prática restringe-se, às atividades acadêmicas dos cursos de graduação e ao estágio supervisionado, muitas vezes exercido em condições insuficientes para que seja lapidada essa habilidade, pois este aprendizado não é passível de transmissão direta para o aprendiz de Psicologia.

É para cuidar dessa dificuldade do ensino acadêmico, segundo Cupertino (2001), que a Oficina de Criatividade procura facilitar o contato com acontecimentos que escapam à categoria do sistemático e representável para atuar no inatingível da vivência humana, dando espaço às experiências para o principiante aprender a gestar e a cultivar a paciência.

Não é estritamente por meio da representação que conhecemos os clientes nem mesmos os nossos próprios processos e vivências, porém, na atuação junto às Oficinas de Criatividade podemos aprender a conhecer nossas limitações e resgatar o aspecto não representacional de passar pela experiência humana através do exercício da Psicologia.

Xuxa: Ah! Mas eu não tenho nada para dar. Choro.
Como assim?
É que não tenho nada para dar. Eu gostaria de dar um também.
Ok. Quando terminar poderá dar a quem você quiser presentear. Faça um para você.
Lúcia: Veja como ficou o meu.
Gostou de fazer?
Eu gostei, ficou bonito?
Sim, muito bonito.

Teoricamente podemos reconhecer claramente nas Oficinas o self que segundo os gestaltistas funciona em três modos (Ginger e Ginger, sd.):

1. A função id é concernente às pulsões internas, às necessidades vitais e, especialmente, sua tradução corporal: assim, o id indica a fome, a sufocação ou o estado de relaxamento. Funciona nos atos automáticos como respirar, andar, etc., o id, de certa forma, age quase à revelia do indivíduo. (Ginger e Ginger, p. 127)

2. A função eu, é uma função ativa, de escolha ou rejeição deliberada: é minha própria responsabilidade limitar ou aumentar o contato, manipular meu meio a partir de uma tomada de consciência de minhas necessidades e de meus desejos. As perturbações eventuais destas funções se traduzem pelo que Goodman chama de "perdas de função do ego", que alguns compararam com os mecanismos de defesa do eu ou com mecanismos de evitação, e muitos gestaltistas chamam pelo termo de "resistências de adaptação".  (Ginger e Ginger, p. 128)

Aqui não fazemos nada durante os outros dias, eu dobro as roupas, mas depois fico vendo TV é monótono. Mas nas atividades fico concentrada, meus pensamentos vão longe. Viu como ficou bonito, fiz essas flores todas vermelhas pensei em colocar um arco aqui, mas agora vejo que ficou bonito sem.

3. A função personalidade é a representação que o sujeito faz de si mesmo, sua auto-imagem, que lhe permite se reconhecer como responsável pelo que se sente ou pelo que se faz. (Ginger e Ginger, p. 128)

Maria Barbosa ao iniciar a atividade relatou que não poderia pagar:
Eu não tenho dinheiro.
Mas não precisa pagar estamos fazendo essa atividade para que vocês façam o que gostar e não precisa pagar.
Eu sou mesmo uma burra, não sei fazer. Olha que porcaria
Porque acha isso?
Bom, ficou todo borrado.
Mas foi sua primeira tentativa. Vamos tentar novamente.
Veja, como ficou?
É, precisa apertar mais e segurar. Então vamos tentar outra vez? Agora faça sozinha?
Maria: Tá bom. Eu gosto do azul.
Bom porque é lindo! Posso fazer outro.
Claro, quando terminar poderá fazer.
Tudo bem, pode fazer da cor que desejar. Porque gosta do azul?

É a função personalidade do self que assegura a integração das experiências anteriores, a assimilação do que foi vivido ao longo de toda a história, ela constrói os sentimento de identidade. (Ginger e Ginger, p. 128)

Sabe uma vez sofri um acidente, não arrependo, pois salvei duas crianças, elas estavam atravessando uma avenida, quando fui ajudá-la um corro perdeu a direção e veio em cima de mim. Estava indo para Brasília nesta época, fui internada no Hospital das Clínicas como indigente, roubaram tudo que tinha na minha mala, dinheiro, jóias, fiquei sem nada. Quando sai do hospital comecei tudo de novo.

A Oficina de Criatividade se traduz nas vicissitudes do fazer psicológico (Cupertino, 2001), e do que se pode teorizar sobre ele. As experiências surgidas nas Oficina constituem-se numa vivência que transborda no momento em que acontece, isto é, surgem momentos em que elas não são compreensíveis, mas após algumas divagações tornam-se explícitas por si só.

Comecei a beber, mas graça a Deus faz 10 anos que parei. Às vezes as pessoas falam que não consegue parar. É falta de vontade. Não condeno quem bebe nem fume.

Segundo Walter Benjamin (p. 198) ao se pedir em um grupo que alguém narre alguma coisa, o embaraço se generaliza. É como se estivessem privados de uma faculdade que parecia segura e inalienável: a faculdade de intercambiar experiências.

Metade da arte narrativa está em evitar explicações (Benjamin, p. 203),

"O extraordinário e o miraculoso são narrados com a maior exatidão, mas o contexto psicológico da ação não é imposto ao leitor. Ele é livre para interpretar a história como quiser, e com isso o episódio narrado atinge uma amplitude que não existe na informação. "

Quando jovem fugi de casa para casar, aos três meses ele saiu para farra e quando voltou me contaminou, resultado tive que tirar tudo, não pudemos ter filho, mesmo assim fiquei com ele durante 17 anos, sai de casa de cabeça erguida, todos da sua família choraram quanto sai de casa. Fugi prá ficar livre do meu marido. Quando coloco algo na minha cabeça ninguém tira, sou soberba eu sei disso. Se acredito que está certo faço e pronto. Depois dessa época trabalhei em casa de família, fazia tudo muito bem e caprichado, mas não aceitava cara feia, pois quando via qualquer coisa assim, saio e não dou satisfação. Bebia, mas quando estava trabalhando não colocava nada de álcool na boca. Sabe nessa época bebia de tudo, só não bebia ferro derretido. Outra coisa, só bebia quando tinha dinheiro, caso contrario, ficava sem beber, mas pedir nunca.

Em alguns momentos os dados aparecem como mais superficiais e parece que não se pode teorizar sobre eles, em outros, aparece como um fenômeno fluido e aberto, com possibilidades de análise inesgotáveis.

Antonia: Estou preocupada com meu marido, não sei quem falou que sou vagabunda, não sou não, sou casada e quero cuidar do meu marido que está doente, precisando de mim. Sou enfermeira padrão e sei fazer terapia com ele, desço todos os dias, ele está com a perna bem ruim, se não cuidar vai ter que cortar, já falei para a Irmã, se não deixar eu descer, quero ir embora para minha casa. Se não deixar, vou fugir. Esses relaxamentos aliviam é bom, estou nervosa com tudo o que está acontecendo, quero cuidar dele, quando for embora passe lá e veja como ele está. Vai dar razão. E ver a minha preocupação. Estou sentindo mais aliviada por falar o que estou sentindo. Obrigado.

Apesar do contra tempo acredito que a atividade teve um saldo positivo, pois, conseguimos mobilizar as idosas para estarem juntas. A atividade de certa forma movimenta de algum modo o grupo, seja verbalmente ou não, quando expressaram em seus depoimentos e em seus comportamentos o quanto o atraso de nossa chegada causa ansiedade sobre as idosas.

A narrativa conserva sua força e depois de muito tempo ainda é capaz de se desenvolver (Benjamin, p. 204)

Rosalina: Como era bom aquele tempo, agora não sirvo pra nada mesmo, sou uma porcaria, já não consigo andar sozinha. Naquele tempo vou falar, mas elas vão achar que estou mentindo, mas é a verdade, Eu trabalhava o dia todo, fazia tudo direitinho para que durante a noite eu e meu marido fossemos dançar. Era muito bom. Tive dois filhos, viuvei e agora estou aqui.

Outra faceta da narrativa, e que aparece com freqüência nas Oficinas de Criatividade realizadas com as idosas institucionalizadas é a questão da morte, visto que, em uma instituição de abrigo a idosos a morte entre eles é uma questão cotidiana, todos vão para o mesmo fim, são velhos, são doentes e não tem amparo familiar.

No decorrer dos últimos séculos, de acordo com Benjamin (pp. 207-208), pode-se observar que a idéia da morte vem perdendo, na consciência coletiva a sua força de evocação. Durante o século XIX, a sociedade burguesa produziu, com as instituições higiênicas e sociais, privadas e públicas, um efeito cujo objetivo principal foi o de permitir aos homens evitarem o espetáculo da morte. "Morrer era antes um episódio público na vida de um indivíduo, e seu caráter era altamente exemplar."

*1- Christina M. B. Cupertino, Criação e formação: fenomenologia de uma oficina. São Paulo: Arte & Ciência, 2001.
*2- Luís Cláudio de Figueiredo. Revisitando as psicologias: da epstemologia à ética nos estudos psi. 1995. In: Christina M. B. Cupertino. Criação e Formação: fenomenologia de uma oficina, 2001, p. 163.

Francisca: Estou triste, pois lembrei da minha irmã que já faleceu, éramos muito amigas, morreu de câncer, sinto muita saudade dela. Quando sinto saudade choro muito é a maneira que consigo me sentir bem. Depois do relaxamento estou sentindo muito bem, foi muito bom. Senti uma sensação de alivio dentro de mim.

Hoje a morte é cada vez mais expulsa do universo dos vivos. Antes não havia uma só casa e quase nenhum quarto onde não tivesse morrido alguém.

"Hoje, os burgueses vivem em espaços depurados de qualquer morte e, quando chegar sua hora, serão depositados por seus herdeiros em sanatórios e hospitais. Ora, é no momento da morte que o saber e a sabedoria do homem e sobretudo sua existência vivida."

Após alguns minutos algumas idosas disseram entre elas:
Fique quieta eu quero escutar o que ela esta falando.
Eu não tenho mais ninguém aqui todas que conheci já morreram.
Eu vi o caixão sair, passou bem em frente ao meu quarto. Mas ela esta bem melhor. Deus as levou (Rosalina Aninha,

 

Benedita, idosas que faleceram há pouco tempo).
Algumas das idosas falavam baixinho para a companheira do lado.

Hoje fizemos relaxamento, e ouvimos os depoimentos das idosas, pois nesta semana duas idosas faleceram, e percebemos a necessidade de exporem seus sentimentos, medos, angústias e sofrimentos. Algumas idosas deram seus depoimentos, outras não se expressaram verbalmente, mais o silêncio e seus olhares demonstravam a angústias diante da morte. Essas reflexões levam-nos a pensar que mesmo em silêncio puderam resignificar esse momento cada um ao seu modo, puderam apresentar seus sentimentos.

É dessa substância, das mortes domésticas e das distantes, que são feita as histórias. Assim como no interior do agonizante, segundo Benjamim (p. 208) desfilam inúmeras imagens - visão de si mesmo, nas quais ele se havia encontrado sem se dar conta disso -, assim o inesquecível aflora de repente em seus gestos e olhares.

 

Deolinda: Ao relaxar a imagem que veio foi uma enfermaria de idosos, estava chovendo, ventando muito, com muitas trovoadas, tinha muitos idosos e várias pessoas cuidando delas, de repente um relâmpago, ficou tudo branco. Após terminar senti aliviada, sem dores no corpo, sumiu foi uma benção, não estou sentindo mais nada, quero agradecer o que estão fazendo conosco é muito bom. Estou sentindo mais aliviada.


É assim que tem que ficar.
Não. Como achar melhor e sentir confortável.
Segundo Rollo (p. 23), a arte criativa nos permite alcançar além da morte. Por isso a criatividade é tão importante, por isso temos de enfrentar o problema do relacionamento entre ela e a morte.

Vivênciamos diariamente a experiência de conduzirmos nossos atendimentos, em qualquer um dos variados contextos em que eles ocorram, com base em dois níveis de apreensão ou entendimento, portanto de linguagem possíveis: o propositivo e o fenomenalizante.

Lúcia: Vou ler e depois vou colar, estou com muito medo desta dor, quando ela vem sinto vontade de gritar. Durante as atividades Lúcia soltou vários gritos de dor. Dizendo que estava com medo, disse que havia falado com a enfermeira para dar uma olhada na perna, desde ontem que começou essa dor que vem de repente.
 

Zoraide, comentou que escolheu uma janela. Não sei, não gosto muito de fazer essas coisas.
 

Mirian: Escolhi frutas, gosto muito de frutas, a que mais gosto é do abacaxi, não aquele que tem coroas abertas, esse não é abacaxi é ananás, abacaxi é aquele que tem coroa diferente. Esse é doce, o outro é azedo machuca e fere a boca, até para doce é ruim é difícil de fazer. O jardim o mar porque é bonito e gosto de água, sinto paz.


Maria Barbosa: Essa é bonita, estão se divertindo, estão passeando.


Antonia: Gosto da água, eles vão se encontrar é uma moça e um rapaz, vão atravessar a ponte e vão se encontrar. Gostei de fazer essa atividade hoje.
 

Mercedes: Gostei dessa, é Jesus, vou colocar em meu quarto, rezo toda à noite. É bonito!

A memória é a mais épica de todas as faculdades e de acordo com Benjamin (p. 210), somente uma memória abrangente permite á poesia épica apropriar-se do curso das coisas, por um lado, e resignar-se, por outro lado, com o desaparecimento dessas coisas, com o poder da morte. A reminiscência funda a cadeia da tradição, que transmite os acontecimentos de geração em geração; a memória épica é a musa da narração.

 

Maria Barbosa: Eu tive três filhos. Agora eu vou falar o que senti, durante a música, veio uma imagem de várias pessoas tocando, não eram brasileiros, todos eram muito branco, pareciam estrangeiros, essa música não é brasileira, é francesa. Depois veio um menino tocar o piano, ele tocava muito bem, mas não enxergava. Depois sumiu tudo apareceu uma bola com uma lança na ponta.

Aqui. Eu gosto daqui. Eu vou dizer uma coisa pra senhora. Eu amo a dona Natalina, eu amo a dona Cida. Se a senhora souber quanta essa dona Cida é mãe pra valer, debaixo de água, pra gente, a senhora nem imagina. E muitas pessoas não tem educação, respeito com ela. Né!

Durante os depoimentos o que mais me impressionou, foi quando uma das idosas disse que gostava de muito de frutas, outra da liberdade, a separação entre o casal com um obstáculo “a ponte” para haver o encontro. Pergunto, o que fazer, vivem de lembranças, solidão, vivem num mundo de lembranças sem perspectiva para o futuro, somente esperam?

Os Psicólogos trabalham com a maior parte do que escutam no fazer diário, ora interpretando o que ouvem por comparação como o quadro referencial de nossa escolha, ora explicando motivos ou procedências de tais ou quais manifestações.

É a partir disso, segundo Cupertino (2001), que conseguem preencher algumas lacunas, pondo ordem nas coisas, encontrando causas subjacentes ao que nos é dito, descrevendo padrões de comportamento, fazendo prognósticos e previsões. E é assim que se certificam de que fazem parte, os psicólogos e os clientes, de uma mesma realidade

Observamos que nos depoimentos, de certa maneira, as idosas foram afetadas pelas mensagens que recebiam dos grupos, entre elas ou pela música, as revistas, a colagem, todas receberam as mensagens das mais diversas formas, apesar de algumas resistirem e não participarem, mas permaneceram na sala só ouvindo, ou observando suas companheiras, fazendo com que resignificassem esses momentos à sua maneira, não se expressaram verbalmente, mas através do seu corpo demonstraram algo de sua vida interior, da sua percepção individual. Concluímos que, respeitar os limites de cada um e sua vontade, são caminhos alternativos que cada um escolhe, respeitar sua limitações, reconhecer suas potencialidades e possibilidades, conhecendo sua criatividade e permitindo que cada uma possa em outras atividades expressar seu sentimento.

De acordo com Cupertino (2001), fazemos uso dos elementos do mundo como a tradição de nossos pais determina, no mundo definido por Heidegger como impessoal ou impróprio, o modo do cotidiano, estruturado de forma a ocultar a angústia diante de nossa própria finitude que nos traz o momento de nos reconduz à apropriação de nosso projeto próprio.

Mas até então dona Wilma eu não lembrava de nada, tudo bem, mas agora, cada hora que está passando, eu estou lembrando. Essas coisas que foram acontecendo, durante a vida, a senhora esta revendo, refletindo. É, eu acho que está tudo certo. Agora eu não tenho porque ficar presa, assim no mundo. Deus vai me ajudar. Por que! Porque eu vou ficar presa. Eu já estou velha.

A investigação do ser segundo Heidegger*, não se dá pela lógica moderna, e sim pela fenomenologia. Basicamente um enigma de impossível apreensão que se constitui, como alvo do logo em seu sentido mais amplo. Também para Perlas, inventor da Gestalt-terapia, afirma que esta tem em comum com as terapias da linhagem existencial a ênfase no homem-em-relação, na sua forma de estar no mundo, na radical escolha de sua existência no tempo, sem escamotear a dor, o conflito, a contradição, o impasse, encarando o vazio, a culpa, a angústia, a morte, na incessante busca de se achar e de se transcender.

Nesta atividade acredito que conseguimos os objetivos propostos, pois, além de mobilizar as idosas para estarem juntas formando um grupo, conseguimos que elas expressassem seus sentimentos, falassem de si em grupo. Percebemos que a atividade mobilizou-as de algum modo, seja quando colocavam verbalmente o que desejavam, seja quando expressavam através de seus comportamentos o quanto tudo aquilo havia lhes causado de impressão, principalmente ao relatarem sobre as atividades, seus erros e quando não conseguiam realizá-las satisfatoriamente por limitação físicas.
Percebemos que devemos propiciá-los uma experiência de uma exploração cognitivo-afetiva de suas vivências pessoais e coletivas, para que possam utilizá-las. Assim, estaremos resgatando a sua essência enquanto condição humana de ser situado no mundo.

*M. Heidegger. Logos, in Essais et conférences. 1958. In Ibidem.

Eu acho que está chegando o tempo de eu viajar.

Entre os fenômenos temos que estabelecido o poder da fala e de colocar as coisas diante de nós, apresentam-se as nuances desse dizer. O contexto da fala representacional elimina, em nome da precisão e do enxugamento, a riqueza apontada, nele, perdemos de vista a possibilidade de recolher o que foi reunido e depois substituindo pelo caráter de definição das coisas que a palavra representacional passou a ter.

Deolinda: Durante o relaxamento veio uma imagem de um senhor de bengala, com alguma coisa na cabeça, cuidava de ovelhas no campo. Sentia sereno, tranqüilo enquanto andava e olhava suas ovelhas. Então escolhi essas gravuras, parece que é uma cidade da Europa, pois está no inverno, tem neve, é uma época de Natal, está nevando, a árvore está cheia de pássaros e frutas.
Mas não queria colar desse jeito. As figuras ficaram ao contrario. A árvore tinha que estar primeiro, depois à cidade. Não tem importância da próxima vez presto mais atenção. Deixe assim mesmo.

A idéia de logos apresenta um outro modo de falar (Cupertino, 2001): "a fala como anúncio, que mostra como num gesto, um falar apresentativo, e que necessita de um outro tipo de escuta."

Rosalina Não presto prá nada Não enxergo direito, só sei fazer coisa pesada, isso fiz a vida inteira, essa coisas não dou conta.

Vivemos numa época em que os horizontes ditados pela tradição são por essência mutáveis, como se, devidamente e a tempo informado pudéssemos nos manter a salvo dos desastres potenciais à beira dos quais nos colocamos. Aos psicólogos, profissionalmente (Cupertino, 2001), cabe oferecer ajuda aos que não possuem mais um território humano próprio, institucionalizados ou não, preocupados em refletir sobre outras formas de relacionamento humano. Tratamos, ainda, da condição problemática do existir humano, em suas diferentes manifestações.

Obrigada, a senhora não sabe o bem que me fez. Precisava falar com alguém. Agora estou sentindo mais aliviada, as dores diminuíram. Foi muito bom conversar com a senhora. Obrigado. Obrigada mesmo.

Antonia: Calma Rosalina temos todo tempo, não vamos fazer mais nada, não temos que nos preocupar com outras coisas.

Ao abrir espaço para que pensemos numa fala que se impõe, e não sobre a qual nos impomos, Heidegger* sugere uma alternativa para considerarmos sempre o mundo como aquilo que se opõe ao sujeito, que deve ser sustentado diante do sujeito como uma coisa estática por meio da representação. A partir do recolhimento característico da fala fenomenalizante, como "o que nos salta em cima, o que eclode"

Ele foi, ele veio a noite, no carrinho de cabrito, de manhã ele foi enterrado com uma junta de cabelo, cabelo não, boi, e o carro de boi, que ele mesmo que fez tudo. E ai nunca mais, nunca, sempre sofri, sempre fui pra lá, pra cá, nem escutava nada, ainda bem que Deus, não deixava eu,... eu ver as coisas ruim. Tudo passou. Mas, agora de uns dias para cá, o negócio está meio forte. Falo: "Ai! meus Deus, ele veio no carrinho, e foi no carro de boi. O boi gordo, foi embora".

Essa liberdade de criar, expressar o momento, reforça um pensamento, um ponto importante, as vezes trazem resultados inesperados e gratificantes, a percebemos que cada oficina faz com que os participantes se conscientizem de seus limites e bloqueios, e que só podem ser ultrapassados por eles mesmos.

*Ibidem. Ibidem.

O escutar constitui-se num escutar no silêncio e no ser como ser resignando-se a não dizê-lo e dizer, recolhendo e respondendo. Segundo Figueiredo*


"É a fala fenomenalizadora que responde à escuta do inaudível à visão do invisível dando uma figuralidade mínima para que, antes de qualquer objetivação e racionalização, algo possa vir a ser , algo que se mostre."

Eu não estava me conformando não. Porque deixar a filha e o neto, mas agora não (chora) se for vou em boa hora (choro). Não é verdade? Eu aprontei, eu acho que é por isso que estou sofrendo. Eu não sei se falo pra senhora. Só que a senhora não vai falar pra ninguém. Eu acho que já falei. Eu tomei soda.

Este tipo de fala provém da escuta, da capacidade de se manter na suspensão da ausência de significados, renunciando à procura do resseguramento. É a serenidade da escuta do ser como ser, e não de qualquer ente em particular.

A escuta se traduz como um passar pela experiência vivenciada, passo a passo. É um intervalo sem atividade, nem passividade, um aguardar atento; a presença na atenção e a presença na distração, formulação que pode designar a atenção flutuante.

Pudemos observar que algumas idosas não só tiveram uma atitude de independência interna e autoconfiança, como a resignificação de suas características individuais e os seus próprios limites.

 

2. A APLICABILIDADE DAS OFICINAS DE CRIATIVIDADE
A Psicologia, constituída pela multiplicidade, descortina níveis diferentes para serem abordados e exige articulação em diferentes planos. Segundo Cupertino (2001), do ponto de vista da formulação de psicólogos, estamos lançado no proporcionar um eficiente saber circunscrito ao campo do representável e de traquejo para lidar com aquilo de que o conhecimento explicito não dá conta, identificado como o saber o tácito, pré-reflexivo, difícil de ser transformado em discurso transmissível.

Lazinha: Oi, achei que vocês não vinha mais, nos estávamos todas esperando lá na sala, mas algumas ficaram cansadas e foram para cama deitar. Desde a hora do almoço estavam esperando, achamos que não vinha mais.
Quando não posso eu sempre ligo para avisar. Hoje não consegui sair mais cedo e o trânsito estava ruim, portanto atrasou tudo. Mas vou passar em todos os quartos avisando. Aquelas que quiserem poderão, depois do café, ficar fazendo as atividades.

De acordo com Figueiredo**

"A dificuldade de fazer "falar o tácito", advém do fato de que o conhecimento pessoal existe num plano da experiência em que sujeito e objeto ainda não se constituíram como entidades relativamente independentes uma da outra."

Temos, também, o conhecimento subsidiário, pano de fundo da apreensão focal e temática de aspectos particulares do mundo, os quais organiza e reúne, dando-lhes configurabilidade. O conhecimento subsidiário resiste à representação que por sua natureza é o que existe no registro do implícito e do disperso.

A Oficina de Criatividade é o momento que os alunos têm para dirigirem o olhar para si mesmos, em princípio através da suspensão da necessidade externa de acertar, de avaliar um conhecimento que escapa a essa possibilidade. A Oficina pretende incidir segundo Cupertino (2001), por meio de atividades que se conectam uma às outras mais do que qualquer conhecimento explicitável que as anteceda, sobre os conhecimentos subsidiário e tácito.

Esse comportamento comunicativo em expressar suas emoções, sofrimentos, angústia, podendo transmitir a outras seus sentimentos e produzindo, assim, modificações na situação ambiental, que poderão ser um estimulo a outras serem capazes de provocar modificações no modo de ser através de novas experiências, adquirindo estimulação e à liberação da autenticidade individual.

* Luis Cláudio Figueiredo. Pensar, escutar e ver na clínica psicanalítica, 1996, p. 7. In Ibidem.
**Luis Cláudio Figueiredo. Revisitando as psicologias: da epstmologia às éticas nos estudos psi. 1995, p. 87. In Idem.


Conforme entende Feldenkrais (p. 27), cada um de nós fala, move, pensa e sente de modos diferentes, de acordo com a imagem que tenha construído de si mesmo com o passar dos anos. Para mudar nosso modo de ação, devemos mudar a imagem própria que está dentro de nós.

"Tal mudança envolve não somente a transformação de nossa auto-imagem, mas uma mudança na natureza de nossas motivações e a mobilização de todas as partes do corpo a elas relacionadas. "

Francisca chegou à instituição esta semana, morava no bairro do Brooklin; tem dois filhos, netos e bisnetos; não morava com eles, pois gosta das coisas bem arrumadas, e de silêncio, na casa dos netos, eles fazem muito barulho, deixam as coisas jogadas pelo chão. Prefiro ficar aqui.

A auto-imagem consiste de quatro componentes que estão envolvidos em toda ação: movimento, sensação, sentimento e pensamento; e quando um destes elementos da ação se torna pequeno a existência fica comprometida. É difícil sobreviver sem absolutamente qualquer movimento. Não há vida quando um ser está desprovido de todos os sentidos.

"Sem sentimento não há impulsos para viver; é o sentimento de sufocação que nos força a respirar. Sem pelo menos um mínimo de pensamento reflexo, nem mesmo um besouro pode viver por muito tempo". (Feldenkrais, p. 28)

Sabe vi várias pessoas só que não consegui ouvir o que elas queriam, parece que o ambiente está ruim, as pessoas não respeitam os outros, gritam.

Como vamos ficar boas dos nervos se todos gritam e não respeita os outros. É difícil. Tenho penas delas, pois tem seus problemas de saúde.

A correção sistemática da imagem seria uma abordagem mais rápida e mais eficiente do que a correção de ações particulares e erros no modo de se comportar. Segundo Feldenkrais (p. 42),o estabelecimento de uma imagem inicial mais ou menos completa, embora aproximada, tornará possível melhorar a dinâmica geral, em vez de lidar com ações individuais, isoladas. Este aperfeiçoamento pode ser comparado à execução de um instrumento que esteja suficientemente afinado.


Veja a Conceição com todas as suas limitações, fez tudo sozinha. Veja como ficou bonito.

Na Oficina de Criatividade podemos estabelecer as lacunas saindo do campo do representável, por meio de habilidades pouco habituais no contexto acadêmico, que se apresenta sempre aos alunos como uma surpresa., visto que a Oficina é o lugar para exercitar o abandono consentido do que é sistemático, o que permite que a chamemos de Oficina de Criatividade, entendendo aqui o criativo quase que do ponto de vista amplo do senso comum, como o que se opõe ao sistemático.

Quem me vê alegre não sabe o quanto já sofri nessa vida.

Para Perls, o contato implica em atração e rejeição, em aproximação e distanciamento, em sentir, avaliar, discernir, comunicar, lutar, detestar, amar. Na fronteira existe excitação, interesse, cuidado, curiosidade, ou medo e hostilidade. Nela, uma experiência inicialmente não percebida ou difusa, torna-se foco, destaca-se como uma gestalt nítida. A fluência na formação contínua de gestaltten está implícita no processo de crescimento e no desenvolvimento criativo do indivíduo e de suas relações.

As atividades desencadeiam processos, mais de modo aleatório do que previsíveis, e abrem o campo para a discussão não só, dos processos experimentados pelos alunos, mas também das projeções que eles fazem desses mesmos processos sobre os clientes: por passarem pela experiência, tornam-se capazes de falar a respeito de como esta ou aquela vivência atinge as vidas humanas, deles ou dos outros.

Na condição múltipla do saber psicológico observamos que evidencia um impasse quanto ao estabelecimento de uma identidade profissional única, de tal forma que é difícil precisar até que ponto é possível falarmos de uma única Psicologia.

O amadurecimento nos grupos em Oficina conduz ao encontro com o diferente, condição básica para a formação dos psicólogos, conduzindo a própria definição de encontro para o sentido oposto.

Nessa transformação pode-se situar o principal objetivo da Oficina de Criatividade: sua principal função passa pela possibilidade de experimentar, a partir de atividades que se apresentam como situações inesperadas, o que é diferente e desconhecido, introduzindo um espaço para que os alunos possam vivenciar a possibilidade de permanecerem, intocados, como iguais a si.

 

A Oficina de Criatividade pretende instituir um espaço para o confronto com a alteridade, isto é, o verdadeiro alcance do acontecido que permanece como enigmático. Alguns dos fenômenos desencadeados, sugerem que pode-se contar com uma certa abertura e produzi-la artificialmente com base no pressuposto que diz, segundo Stern (1990)* que a aprendizagem com o inesperado não é completamente passiva, e que a surpresa pode ser cotejada.

A Oficina é um campo para a convivência das diferenças, que pode significar um campo constituído por ser diferente dos outros, que propicia sustos e o desafio de mobilizar-se em direção ao outro sem reduzi-lo a si mesmo, um campo para o trânsito das experiências.

Segundo Rollo (p. 13), é necessário despertar nos indivíduos a coragem física que não dependa de afirmar o poder egocêntrico sobre as outras pessoas, através do uso do corpo desenvolvendo a capacidade de ouvir com o corpo.

Como diz Nietzche, um aprendizado para pensar com o corpo; a valorização do corpo como um meio de criar empatia com outras pessoas, a expressão do eu como um objeto de arte e uma fonte de prazer.

Rollo (p. 19), também nos indica a necessidade do desenvolvimento da a coragem criativa que é a descoberta de novas formas, novos símbolos, novos padrões segundo os quais uma nova sociedade pode ser construída. Toda profissão pode exigir e exige coragem criativa.

 

A Oficina se apresenta também como possibilidade de recolhimento na medida em que se constitui como um espaço diferenciado, sem pressa, onde a atividade serve também como espaço para colocações pessoais mais profundas e mais intensa a partir do que os outros disseram. A partir disso as lacunas se evidenciam e diante delas temos que aguardar que os sentidos se direcionam, já que a verdadeira tarefa de terapia não tanto é dar sentido aos dados, mas resistir à tentação de dar sentido aos dados.

 

Nessa Oficina observamos que a motivação foi espontânea, proporcionando o perceber-se, expressando algo de pessoal, algo com sabor de novo. Esta percepção nos ensina a não esquecer a linguagem espiritual, nos ensina a captar as expressões fugazes interessantes, explorando o modo como as pessoas estão posicionadas, mostrando atitudes, sentimentos, emoções, frustrações, medos e angústias.

 

Para Perls, a insistência em diminuir a atividade e acalmar o pensamento agitado, para deixar emergir a forma e o ritmo mais fundamental da experiência presente, tem semelhança com o esvaziar a mente procurado na meditação oriental. O paradoxo que permeia a linguagem de Perls é mudar é tornar-se o que já é; o árido é fértil; não tentar dominar uma dor pela supressão. Mas acompanhá-la atentamente, é um meio para não ser dominado por ela; permanecendo no vazio, encontra-se o pleno; o momento do caos prenuncia uma nova ordenação desde que não se tente impor a ordem.

Obtendo através dessa nova situação uma resposta mais adequada e construtiva a uma situação antiga. A partir dessa concepção podemos deduzir que o indivíduo que procura satisfazer as suas necessidades de qualidade e de novidade aumenta sua auto estima e assim descobre uma nova maneira de relacionar-se com o mundo, de descobrir novas formas de expressão, de criar a linguagem adequada ao próprio sentido da comunicação que pretende atingir, de satisfazer e assim transformar-se, reduzindo as tensões, favorecendo a novas descoberta perceptiva, de experiências emocionais diferentes, canalizando e resignificando suas tensões, conflitos, sentimentos de frustração, de insatisfação.

De acordo com Barry Stevens (Huang, p. 19),

"Não existem inícios e nem fins. O universo é um processo e o processo está em mim. Quando que o obstruo ou ignoro, encontro-me em dificuldades. Quando fluo com ele, algo ocorre. Minha participação nele é pequena. Isto porém não a desmerece. "

Nas técnicas de relaxamento da mente, que aplicamos durante todo o período de aplicação das Oficinas de Criatividade, Nicholls e Nicholls, propõem a técnica de Alexander da posição semi-supina cujo objetivo é entrar em estado de relaxamento pesado e total. Este exercício deve ser praticado todos os dias, de 15 a 20 minutos, em superfície lisa, também poderá ser praticado na cama ou no sofá, mas a reação e os resultados serão diferentes. Se a pessoa sentir que está começando a divagar, deverá trazer novamente a atenção para seu corpo, sentindo os pontos de apoio corporal. Se estiver profundamente cansado é melhor dormir antes.
A Oficina de Criatividade visa situar o aluno diante dos modos de subjetivação contemporâneos, das infinitas formas de existência apresentadas no segmento anterior, da desterritorialização do qual são alvos, juntamente com seus clientes.

 

Ajustamento criativo, segundo Perls, tem a ver com a dialética de continuidade e mudança, com a inserção estrutural do novo no velho, para formar com ele uma nova configuração. A mobilidade estrutural do todo é a base da criatividade, enquanto cristalização estrutural é a fixidez do passado no presente.

Passa por aí o uso de recursos mais identificados com a arte, cujo o valor não está em transformá-los em artistas ou em encetar extensas discussões sobre o valor estético do trabalho produzido, e sim de instituir linguagens diferentes, sobre as quais não tenham tanto domínio, que se constituíam como estranhas. A Oficina de Criatividade combate a visão preconceituosa de que rendimento e aprendizagem se dão através do esforço e de uma vida ascética.

 

Mirian: Estou tentando, tenho duas mãos, mas não servem para nada. É difícil para pegar e colar. Não posso pegar, isso me chateia, saber que fazia de tudo.
Antonia: Não tem importância vai tentando, veja eu estou tentando.
Xuxa: Esse está fora do lugar tem que arrumar, ela não está fazendo certo.
Não é assim. Veja. (arrumou o errado, mostrando como é que se faz para a colega que está ao seu lado).

*Donnell B. Stern. Courting surprise, in Contemporary Psychoanalysis, v.26, n.3, 1990. In Idem

3. TÉCNICAS UTILIZADAS NAS OFICINAS DE ATIVIDADE APLICADAS

3.1. PRIMEIRA OFICINA DE CRIATIVIDADE

3.1.1. Atividade
Carimbar figuras em guardanapos e pintá-las; podendo cada participante escolher o carimbo ou os carimbos mais interessantes, aplicá-los na parte do guardanapo que julgarem mais estético e na forma que fique mais artístico, posteriormente pintando-os com as cores que preferirem.

3.1.2. Objetivos
O objetivo geral da atividade utilizando cores e figuras, é o de trabalhar a memória e a concentração, resgatando lembranças culturais e sociais, afloradas no momento em que se pratica a atividade. A atividade tem como objetivo específico resgatar os valores individuais demonstrados através das emoções expressas verbalmente ou gestualmente, enquanto aplicam-se os carimbos, escolhe-se a forma mais estética e pintam-se as figuras, com a finalidade de garantir espaços para o desenvolvimento pessoal, permitindo que este fluam livremente de acordo com as experiências de vida, de forma que se resgate a história de cada uma das participantes.

3.1.3. Justificativa
Essa atividade deve proporcionar a cada participante a oportunidade de representar suas experiências através da pintura, deixando aflorar os problemas e as diferenças individuais, excluindo possíveis marginalizados. As idosas participantes por serem asiladas sofrem as conseqüências da sociedade que as marginaliza, excluindo-as do convívio social e, muitas vezes, da família.

3.1.4. Materiais utilizados

  • Pincel;

  • Tinta;

  • Porta-tinta;

  • Carimbo diversos (flores, folhas, frutas, etc.);

  • Guardanapos.

3.1.5. Total de participantes
14 mulheres.

3.1.6. Disposição das participantes na atividade
As idosas foram acomodadas no refeitório, visto que a disposição deste ambiente facilita o manejo das participantes durante a atividade, pois a maioria delas têm problemas motores e necessitam de cadeiras de rodas ou do auxílio de ajudantes para movimentarem-se. Em cada mesa foram acomodadas quatro idosas.

 3.1.7. Interação do grupo
Algumas idosas enquanto estavam pintando, conversavam entre si, explicando o porque estavam fazendo sua atividade desta ou daquela forma e pediam a opinião de suas colegas.

3.1.8. Avaliação
A atividade movimentou o grupo que se manifestou muitas vezes verbalmente e outras gestualmente - percebidos através de nossa observação. Muitas participantes mostraram-se motivadas a falar de suas vidas, outras em apresentar um bom trabalho em termos estéticos e outras ainda, demonstraram sofrimento por terem dificuldades motoras e não poderem elaborar o trabalho da forma proposta, mas expressavam sentimentos do presente e do seu passado. Assim, todas alcançaram o objetivo que era o de fazerem aflorar os sentimentos do passado, resgatando suas memórias e sua história de vida.

 

3.2. SEGUNDA OFICINA DE CRIATIVIDADE

3.2.1. Atividade
Relaxamento ao som do CD Para Relaxar - música suave para trazer momento de paz, e tranqüilidade, Vol. 3, faixas 1 Gentle Flow e 2 Relacionamentos. Inicialmente devendo-se ouvir o som, o ritmo, e posteriormente imaginar uma árvore, como ela é, tronco, copa e local onde poderia estar plantada.

Após o relaxamento, folhear as várias revistas que devem ser disposta à mesa para depois escolher individualmente as fotografias mais agradáveis. Após a escolha as participantes devem rasgar ao redor das figuras, com suas próprias mãos, sem danificá-las e depois colá-las na cartolina. Após, aquelas que quiserem podem falar sobre a escolha.

3.2.2. Objetivos
O objetivo da atividade é o de trabalhar em grupo para que os participantes expressem e expandam o EU de um modo diferente daqueles que usam no dia-a-dia. Cada um dentro de suas experiências expressa seus sentimentos, angústias, sofrimentos, solidão, dando novas formas à experiências já conhecidas.

3.2.3. Justificativa
Essa atividade propicia a criação própria ou através da observação da criação do outro, recebendo e transmitindo mensagens entre si, através de ouvir, do olhar, do prestar atenção, podendo, assim, crescer muito na auto awareness mediante o observar-se observando.

3.2.4. Materiais utilizados

  • Cartolina;

  • Revistas;

  • Cola;

  • CD com músicas de relaxamento;

  • Toca CDs.

3.2.5. Total de participantes
16 mulheres.

3.2.6. Disposição das participantes na atividade
Foi usado o refeitório, pois este espaço facilita a locomoção das participante durante as atividades, além de poderem ser utilizadas as mesa para maior acomodação.

3.2.7. Interação do grupo
Observamos que nos depoimentos as idosas manifestaram o quanto foram afetadas pelas mensagens que recebiam dos grupos, ou pela música, as revistas, a colagem. Todas de alguma forma receberam as mensagens das mais diversas formas, apesar de algumas resistirem e não participarem, mas permaneceram na sala só ouvindo, ou observando suas companheiras, fazendo com que resignificassem esses momentos à sua maneira, não se expressaram verbalmente, mas através do seu corpo demonstraram algo de sua vida interior, da sua percepção individual.

3.2.8. Avaliação
Concluímos que, respeitar os limites de cada um e suas vontades, são caminhos alternativos que cada um escolhe, respeitando suas limitações, reconhecendo suas potencialidades e possibilidades, conhecendo sua criatividade e permitindo que cada uma possa em outras atividades expressar seu sentimento.

Nesta atividade conseguimos os objetivos propostos, pois, além de mobilizar as idosas para estarem juntas formando um grupo, conseguimos que expressassem seus sentimentos, falando de si em grupo. Percebemos que a atividade mobilizou-as de algum modo, seja quando colocavam verbalmente o que desejavam, seja quando expressavam através de seus comportamentos o quanto tudo aquilo havia lhes causado de impressão, principalmente ao relatarem sobre as atividades, seus erros e quando não conseguiam realizá-las satisfatoriamente por limitação físicas.

Assim, vimos que devemos propiciar sempre uma experiência de exploração cognitivo-afetiva de suas vivências pessoais e coletivas, para que possam utilizá-las. Assim, estaremos resgatando a sua essência enquanto condição humana de ser no mundo.

Essa experiência prática lhes permitiu viver momentos de tristeza, angústia e de alegrias e tantas imagens sobrepostas de situações vividas, compartilhadas comigo, num sentimento de descoberta. Resgatar o vivido numa nova perspectiva para viver o presente.

 

3.3. TERCEIRA OFICINA DE CRIATIVIDADE

3.3.1. Atividade
Confeccionar suporte para panelas. Primeiro passar cola no círculo de papelão, depois colar os prendedores um a um fazendo o contorno do círculo. Deixar secar. Depois escolher a cor ou as cores e pintá-lo. Finalmente, passar verniz para conservação das cores.

 

3.3.2. Objetivos
O objetivo da Oficina foi o de proporcionar a interação em grupo como também estimular as idosas doentes a saírem dos leitos, além de estimular a memória, a criatividade a auto estima.

 

3.3.3. Justificativa
Nesta atividade apesar de não termos feito o relaxamento, colocamos uma música, que segundo Jenny Sutcliffe*, tem poderes curativos reconhecidos há séculos, existindo numerosas histórias sobre como eram usados estes poderes.

Acreditava-se – e ainda hoje acredita-se**, que as células do corpo podem vibrar em diversos níveis e que os sintomas das doenças são resultado de uma variação da vibração, que tira a harmonia dos órgãos ou sistemas afetados em relação ao resto do corpo. Na sociedade ocidental, no entanto, foi apenas neste século que o poder curativo da música se tornou relevante.

 

3.3.4. Materiais utilizados

  • prendedor de roupa;

  • cola,

  • papelão.


3.3.5. Total de participantes
15 mulheres.


3.3.6. Disposição das participantes na atividade
A Atividade foi realizada no refeitório em grupos de quatro mulheres.


3.3.7. Interação do grupo
Nessa atividade foi necessário ajudar algumas idosas, pois tinham dificuldade para pegar os prendedores e os colar, devido as suas deficiências motoras. Essa foi a primeira Oficina em que algumas idosas desistiram largando a atividade pela metade, devido a deficiências físicas e motoras.

Mesmos com algumas deficiências, várias idosas fizeram o artesanato, não desistindo, e as que largaram pela metade não saíram da sala ficando conversando com suas colegas. As psicólogas nesse momento procederam ao acolhimento e aos poucos ajudaram àquelas que tinham alguma deficiência.


3.3.8. Avaliação
Conforme pudemos observar, a música deixa algumas idosas relaxadas e liberam suas emoções reprimidas, tanto na socialização como nas expressões pessoais. Evocando assim, os estados de humor, sentimentos e autoconfiança.

A Oficina proporcionou às idosas a possibilidade de desenvolverem o compartilhar, tanto conosco como entre elas. O ser humano é capaz de resgatar o que há de mais profundo no seu interior: sua capacidade de amar.

Aos poucos, a Oficina vem modificando o relacionamento entre as asiladas, observamos que estão conversando mais umas com as outras, sendo que o que precisavam era serem motivadas para uma outra forma de verem a si mesmas, o outro e o mundo.

Todos tem capacidades, mesmo com suas dificuldades e limitações que ao longo da vida foram adquirindo, como a barreira criada pela crença de que velhos não podem isso ou não podem aquilo. Para modificar estes pensamentos é necessário que as idosas experimentem uma nova forma de ver e descobrir por si só suas capacidades.

*Jenny Sutcliffe. Terapia Sonora, p. 148
**Ibidem, p. 97

3.4. QUARTA OFICINA DE CRIATIVIDADE

3.4.1. Atividade


Nesta atividade de oficina nossa proposta foi um tema de mente livre, pois estimula o pensamento, evoca novas imagens, desperta o lado emocional, trazendo à mente muitas imagens, recordações e experiências da vida.

3.4.2. Objetivos
O objetivo da atividade é estimular a expressão da amizade, utilizando o som através do toque do bambu fazendo com que ultrapassem seus limites, facilitando ao grupo a entrega total a atividade, possibilitando o aflorar das emoções. O objetivo específico é o de demonstrar por meio das expressões, do olhar, do gesto para com o outro, e para si, fazendo com que se crie coragem de ouvir a voz da profunda natureza, a voz que soa no interior de cada um. Nesse emergir da sua liberdade de expressão, trabalha-se ao mesmo tempo o ser e o material, numa alquimia de ressonância e empatia, facilitando a redescoberta de suas totalidades perdidas.

3.4.3. Execução da atividade
Colocamos um canto gregoriano, pedimos para fecharem os olhos, relaxarem o corpo, recostarem a cabeça, trazer para si lembranças de coisas que podemos fazer com bambu.
Após o relaxamento foi distribuído um pedaço de bambu para cada uma das participantes, para que observassem sua espessura e o formato e a sensação produzida ao passarem pelo seu corpo. Durante a atividade algumas idosas começaram a sorrir, pois observavam nas suas colegas, os gestos que estavam fazendo.

3.4.4. Materiais utilizados

  • Pedaços de bambu.

3.4.5. Total de participantes
15 mulheres.

3.4.6. Disposição das participantes na atividade
Foi utilizado o refeitório e organizadas em um grande círculo.

3.4.7. Interação do grupo
Essa atividade proporcionou um movimento de espontaneidade, pois sem orientação começaram a bater no pedaço de bambu com outro objeto, ou com o bambu da colega ao lado, no final estavam todas fazendo a mesma coisa e comentavam sobre o som que cada um produzia.

3.4.8. Avaliação
Viver esse momento presente tem-se tornado uma preocupação constante, e nosso objetivo enquanto psicólogos é o de auxiliar as idosas para que superam o impasse que cada uma tem quanto a sua capacidade emocional e libertá-las pela imaginação. Não deve-se pensar na arte pela arte, mas a arte pela vida. Ela existe sempre que os sentidos naturais se expressam livremente nas multiformas, permitindo o envolvimento na criação do nosso ser e do mundo.

Nessa Oficina observamos que a motivação foi espontânea, proporcionando o perceber-se, expressando algo de pessoal, algo com sabor de novo. Esta percepção nos ensina a não esquecer a linguagem espiritual, nos ensina a captar as expressões fugazes interessantes, explorando o modo como as pessoas estão posicionadas, mostrando atitudes, sentimentos, emoções, frustrações, medos e angústias.

Essa liberdade de criar, expressar o momento, reforça um pensamento, um ponto importante, as vezes trazem resultados inesperados e gratificantes, a percebemos que cada oficina faz com que os participantes se conscientizem de seus limites e bloqueios, e que só podem ser ultrapassados por eles mesmos.
Essa atividade na qual se usa a música, observa-se as expressões verbais e as percepções do tom, ritmo, harmonia. A mensagem do som ouvido possibilita reflexões, refinando e polindo o seu modo de ser e de ver o outro, também é uma atividade que estimula a memória.

 
3.5. QUINTA OFICINA DE CRIATIVIDADE

3.5.1. Atividade
Inicialmente, coloca-se uma música e pede-se para que fiquem relaxadas e soltas, para sentam-se mais à vontade para ouvir o som e o ritmo da música. Pedimos para fechem os olhos, e sentam a música, a emoção que as lembranças trazem, ao ouvirem aquele tipo de canção. Qual a imagem, lembrança, ou palavra que podem externar naquele momento após relaxamento. Após alguns depoimentos as idosas escolheram uma ou mais cores para pintar o suporte de panelas que haviam começado na semana anterior e terminariam nesta.

3.5.2. Objetivos
O objetivo geral desta atividade e a integração do grupo e a valorização do trabalho para aumentar a auto-estima. Ao usarmos nesta atividade a pintura a dedo o objetivo é o de proporcionar a fluidez das emoções e sentimentos. O objetivo específico foi trabalhar com as idosas as questões do favorecimento e a integração que o grupo proporciona para a formação de vínculos entre elas.

3.5.3. Justificativa
Segundo Denise Robson*, a cor é parte integrante da composição dos seres humanos. A cor revela um significado de nossas ações que de outro modo não seria observado; permitindo ao indivíduo descobrir coisas novas sobre si mesmo, os outros e o mundo de modo geral. A cor também é uma linguagem, pois o tempo todo vivênciamos uma enorme série de reações à cor, em níveis consciente e inconscientes, uma cor pode detectar um acontecimento, mas pode também, indicar uma predisposição geral na pessoa.

A atividade a pintura a dedo proporciona a fluidez das emoções e sentimentos, pois pretendíamos que a esfera afetiva emocional fosse demonstrada a cada passada de dedo sobre o artefato, além de explorar as cores também foi possível sentir o contato com o material, pois pintar sem preocupar-se com a beleza ou opiniões é poder expressar conteúdos emocionais. Segundo Bello**:

“As pinturas muitas vezes revelam uma beleza e autenticidade que chamam a atenção do observador, por expressar arquétipos universais que existem em todos nós”.

Portanto, permite que as idosas manifestem, através da arte, seu modo de perceber o mundo e que, a partir disso, mobilizem condições em si próprias para refletir e organizar sua vida de forma a valorizar a sua auto-estima.

3.5.4. Materiais utilizados

  • Tinta a dedo;

  • Porta tinta;

  • Cola colorida.

3.5.5. Total de participantes
16 idosas e 04 voluntárias.


3.6. SEXTA OFICINA DE CRIATIVIDADE

3.6.1. Atividade
Inicia-se com um relaxamento, deixando as mãos e braços descansarem ao longo do corpo ou suavemente sobre o estômago, na posição em que elas se sentirem melhor. Utilizamos as expressões de indução:

  • Verifique se vocês estão realmente à vontade.

  • Relaxe e deixe que a mente se esvazie.

  • Respire profundamente e regularmente e sinta o ar sair.

  • Imagine que vocês estão liberando todas as tensões do corpo.

  • Movimente a mão, feche e contraia e solte.

  • Levante os ombros para cima e volte suavemente à posição anterior.

  • Gire a cabeça suavemente de um lado para o outro, soltando o pescoço.

  • Sinta o relaxamento total do corpo respire profundamente por alguns minutos.

  • Sinta o calor e a tranqüilidade.

  • Agora o rosto. Boceje com a boca aberta.

  • Franza os lábios fazendo uma careta, relaxe.

  • Movimente o couro cabeludo levantando as sobrancelhas.

  • Agora respire tranqüilamente dizendo a si mesmo, a cada vez que respirar, que se sente mais e mais relaxado em paz e confortável.

  • Alongue-se e sacuda-se antes de permitir que o mundo exterior invada sua mente.

  • Muito bem, volte para o lugar que estão, abra e feche os olhos várias vezes.

Após o relaxamento foi proposta a preparação de um vaso feito em forma de mosaico com acrílico e cortiça.

3.6.2. Objetivos
O objetivo foi considerar as diversas possibilidades de criatividade de cada um dentro de suas limitações, deixando que a imaginação flua enquanto dá-se forma ao imaginário.

3.6.3. Justificativa
O foco desta Oficina foi trabalhar a interação, ressignificação, imaginação. Criatividade, e a extrapolação da mente, pois quando trabalhamos com mosaico podemos explorar tanto a criatividade como também a capacidade que tem o indivíduo de aceitar idéias e impulsos e toda a sorte de fenômenos psíquicos vindo do pré-consciente.

Ao entrar em contato com o material colocado em cima da mesa, e em variadas formas e cores, foi possível resignificar e extrair algo de positivo a respeito de suas possibilidades de liberdade, permitindo assim, um conhecimento de si fazendo parte de um grupo. Isso se faz ao compartilhar os materiais que são utilizados durante as atividade de Oficina, que dão possibilidades de fluir sentimentos que não se manifesta só por reações subjetivas, mas deixa-se marcar pela essência e significação que cada indivíduo tem; isto é, uma cognição vivificada muito de cada um.

3.6.4. Materiais utilizados

  • CD com música para relaxamento;

  • Toca CDs;

  • Vasos;

  • Cortiça;

  • EVA

  • Cola.

(Tanto a cortiça como EVA, foram cortados como mosaico)

3.6.5. Total de participantes
18 mulheres.

3.6.6. Disposição das participantes na atividade
A oficina foi realizada no refeitório para trabalharmos nas mesas.

3.6.7. Avaliação
Acreditamos que através dessas Oficinas proporcionamos o conhecimento de si e do próprio grupo, podendo assim ajudarem-se a si e uma as outras. Esses recursos simples pode-se abrir e descobrir uma infinidade de possibilidades para tornar a vida mais fácil e agradável.

Tanto o contato com a pintura ou o mosaico, no sentido de juntar, organizar faz com que se perceba. se aprenda a lidar e resignificar os conflitos e angústia naquele momento, podendo assim encontrar autoconfiança e assim levar a um crescimento pessoal. Pudemos ver isso nos depoimentos de cada uma, ou no silêncio e modo de agir no momento das atividades.

*Denise Robson. Oficina de pintura.
**S. Bello. Pintura espontânea.

3.7. SÉTIMA OFICINA DE CRIATIVIDADE

3.7.1. Atividade
Recortar gravuras, sem uso de tesoura, passar cola na cortiça e colar as gravuras selecionadas. Após colar deixar secar e por último passar a mesma cola por cima.

Relaxamento: CD Descobrindo a Alegria de Viver: Um Guia de Meditação de Salle Merriell Redfield (lado um). Utilizamos as seguintes expressões de indução:

  • Vamos fechar os olhos, sentar confortavelmente, procure ficar o mais tranqüilo e confortável.

  • Solte os ombros, vá relaxando as mãos e os pés.

  • Inspire profundamente e solte o ar.

  • Deixe os pensamentos que estão em sua cabeça irem embora.

  • Agora não tenha pressa, vai relaxando.

  • Procure lembrar um dia alegre de sua vida. Onde é o que você estava fazendo. O que fazia?

  • Procure recordar o máximo de detalhes. Qual era a época do ano. Quem estava com você. O que lhe deu tanta alegria. O que mais aconteceu de bom nesse dia.

  • Você consegue lembrar o que pensava?

  • Aconteceu alguma coisa que foi positiva? Pense de novo nos melhores momentos desse dia.

  • Você gostaria de viver outros dias alegres novamente? Quais as suas necessidades?

  • Do que você precisa para ser alegre e feliz?

  • Agora sinta o amor e a paz invadindo você. Perceba as suas preocupações se afastando.

  • inspire profundamente, solte o ar e solte tudo o que não gosta.

Agora volte para o presente, lentamente mexa o corpo, abra os olhos várias vezes.

Pede-se para que se escolham fotos das revistas que estão sobre a mesa, recortando com as próprias mãos, de forma que exprimam as imagens que foram surgindo durante o relaxamento, os sentimentos, as emoções e as lembranças. Durante as atividades é colocada uma música da Coleção O DIA Músicas Imortais do Cinema.

 

3.7.2. Objetivos
O objetivo geral dessa atividade é a integração do grupo e a inserção de novas idosas que estão chegando a casa, com a finalidade de fazer com que sintam-se mais à vontade nesse novo lar, que de agora em diante será sua nova moradia. Como também o resignificar da vida, e a morte, pois nessa atividade estavam presentes tais fatos, visto que uma delas havia falecido.

Nosso objetivo específico foi o de resgatar lembranças passadas com a elaboração dessas experiências no aqui agora, emergindo as emoções, revelando os pensamentos mais profundos, favorecendo assim, esse momento para expressarem suas necessidades por meio do seu estado de espírito envolvido pelo som o que facilita o florescimento dos conflitos existentes.

3.7.3. Justificativa
Utilizamos a música durante a atividade pois esta é um dos instrumentos de preservação da memória, transmitindo as tradições de diferentes épocas do passado.

3.7.4. Materiais utilizados

  • Revistas diversas,

  • Cola (feita com farinha e água quente);

  • Cortiça (cortada em círculos do tamanho de uma xícara de chá);

3.7.5. Total de participantes
14 idosas, uma voluntária e 2 auxiliares.

3.7.6. Avaliação
Essa atividade proporcionou para cada uma delas um fortalecimento da sua própria história, e sua resignificação, e percebemos que tanto o indivíduo como o grupo reage de acordo com o seu contexto, ou seja, um corpo com funções biológicas e psicológicas têm capacidade de transformar o seu meio, conforme suas necessidade, desejos, sentimentos, angústia, temores imaginários, racionalidade, subjetividade, costumes, padrões de comportamentos, valores, etc., tudo isso leva às reflexões dos fatos ocorridos e vivênciados por si e pelas demais participantes.

 

3.8. OITAVA OFICINA DE CRIATIVIDADE

3.8.1. Atividade
Coloca-se uma música para a atividade de relaxamento. Utilizamos as seguintes expressões de indução:

  • feche os olhos inspire profundamente, e expire. Outra vez.

  • Sinta seu corpo relaxando à medida que inspira.

  • Solte os ombros e libere a tensão.

  • Desligue a sua atenção do que acontece em torno, espere um tempo até acalmar a mente e relaxe o corpo.

  • Na sua imagem mental tem algum amigo que gostaria de estar junto agora?

  • Como seria sua vida espiritual, teria alguma ligação com Deus?

  • Gostaria de aprofundar no assunto?

  • Agora avance cinco anos no tempo e pense nos momentos alegres com quem gostaria de estar.

  • Consegue pensar nesses momentos, que imagem vem nesse momento?

  • Fique mais algum tempo, quando achar a hora vá voltando para o lugar em que se encontra.

  • Volte para o momento presente.
     

  • Solte os ombros, abra e feche os olhos várias vezes.

 As participantes que tiverem interesse ou principalmente necessidade devem manifestar-se

 

3.8.2. Objetivos
O objetivo específico desta atividade foi o de um relaxamento, ouvindo os depoimentos das idosas, pois nesta semana duas idosas faleceram, e percebemos a necessidade de exporem seus sentimentos, medos, angústias e sofrimentos.

3.8.3. Materiais utilizados

  • CD com músicas de relaxamento;

  • Toca CDs.

3.8.4. Total de participantes
16 idosas.

3.8.5. Avaliação
Algumas idosas deram seus depoimentos, outras não se expressaram verbalmente, mais o silêncio e seus olhares demonstravam a angústias diante da morte. Essas reflexões levam-nos a pensar que mesmo em silêncio puderam resignificar esse momento cada um ao seu modo, puderam apresentar seus sentimentos.

 

3.9. NONA OFICINA DE CRIATIVIDADE

3.9.1. Atividade
Iniciamos as atividades de Oficina com um relaxamento. Utilizamos as seguintes frases de indução:

  • Fiquem confortavelmente em seus lugares, encostem na poltrona ou nas cadeiras.

  • Soltem os braços, fechem os olhos e sentem-se confortavelmente.

  • Procurem ficar o mais tranqüilas e confortáveis possível.

  • Solte os ombros, vá relaxando as mãos e os pés.

  • Inspire profundamente e solte o ar.

  • Deixe os pensamentos que estão em sua cabeça irem embora.

  • Agora não tenha pressa, vai relaxando.

  • Procure lembrar um dia alegre de sua vida. Onde é que você estava?

  • O que fazia? Procure recordar o máximo de detalhes

  • Qual era a época do ano?

  • Quem estava com você?

  • O que lhe deu tanta alegria?

  • O que mais aconteceu de bom nesse dia?

  • Você consegue lembrar o que pensava?

  • Aconteceram coisas que foram positivas?

  • Pense de novo nos melhores momentos desse dia.
     

  • Você gostaria de viver outros dias alegres novamente?

  • Quais as suas necessidades?

  • Do que precisa para ser alegre e feliz?

  • Agora sinta o amor e paz invadindo você.

  • Perceba as suas preocupações se afastando.

  • Inspire profundamente, solte o ar e solte tudo o que não gostaria que acontecesse novamente.

  • Volte para o presente, lentamente mexa o corpo, abra os olhos várias vezes.

Assim que concluímos o relaxamento algumas idosas quiseram relatar o que estavam sentindo e falar sobre as imagens e as palavras que vieram à mente. Iniciamos a atividade principal que era fazer porta-guardanapos com os anéis de bambu. Neles colar flores como enfeites. Colocamos uma música enquanto faziam as atividades de Oficina: A harmonia Feng Shui, no sétimo relacionamento (terra). Produção ”Coriolli“, 2001. Ed. Azul Music. Feng Shui significa ventos (feng) e água (shui). É um sistema de conhecimentos, de origem chinesa, que atua na harmonização dos ambientes da casa, través de composições, arranjos, performances, etc.

 

3.9.2. Objetivos
Fazer porta-guardanapos com os anéis de bambu. Neles colar flores como enfeites.
O objetivo dessa atividade foi a motivação ao trabalho em equipe, tornando possível a interação e a integração - pois estavam chegando outras idosas à instituição - ao grupo e ao novo ambiente. As atividades de Oficina tem como objetivo segundo Morato (1999):

"A recriação do grupo tecendo e destecendo histórias pessoais, entrelaçadas com outras histórias pessoais, comercializando idéias, opiniões, valores, criando a história do grupo, que por sua vez se enrosca em outras histórias de pessoas e grupos, cuja história se estabelece através de um trabalho comum, e assim proporcionando novas oportunidades para expressarem seus sentimentos, sofrimento, angústias, abandono, e ressiginficando esses momentos compartilhando com outros indivíduos do grupo."

 3.9.3. Materiais utilizados

  • Bambu (cortado em tamanhos pequenos);

  • Flores artificiais de diversas cores e tamanhos;

  • Cola branca;

  • Cd;

  • Porta CDs.

 

3.9.4. Total de participantes
Participaram 16 idosas.

 

3.9.5. Interação do grupo
Foram distribuídos os materiais para a elaboração dos porta-guardanapos (anéis de bambu, flores e cola). Perguntamos se conheciam o bambu, pedimos para que sentissem sua textura, seu tamanho, que observassem como era feito. Enquanto faziam os porta-guardanapos as idosas conversaram alegremente entre si, tanto as antigas como as novas moradoras.

 

3.9.6. Avaliação
Essa atividade deixou-me triste, mas, ao mesmo tempo feliz, triste com as histórias de algumas, pois sofreram muito na caminhada da vida, e no final de sua existência estão abandonadas em uma casa de repouso, e só tem umas as outras. Ao mesmo tempo feliz, por poder proporcionar a todos um momento de reflexões e resignificação de seus conflitos.

3.10. DÉCIMA OFICINA DE CRIATIVIDADE

3.10.1. Atividade
Nesta atividade estavam presentes três voluntárias. O objetivo desta oficina seria passar um documentário feito pelo apresentador Gugu Liberato, a pedido da coordenadora da instituição. Não foi possível a realização, pois o vídeo apresentou um defeito, havia a imagem mas não havia som. Ficando impossibilitada a sua apresentação.

3.10.2. Avaliação
Mais uma vez uma decepção para as idosas da instituição, pois as voluntárias levaram pipocas e refrigerantes para o evento, mas o mesmo não pode ser concretizado, não por vontade das participantes, mas por um defeito do aparelho; ficando para uma próxima vez, quando o defeito for sanado.

Uma das voluntárias prontificou-se a levar o aparelho para o conserto. As idosas ficaram decepcionadas, pois foram motivadas e estavam ansiosas para verem o apresentador e o documentário. Mas ao mesmo tempo logo que foram avisadas do problemas disseram: Tudo bem fica para o próxima vez.

 

3.11. DÉCIMA PRIMEIRA OFICINA DE CRIATIVIDADE

3.11.1. Atividade
Ao chegarmos a instituição as idosas estavam na sala da TV assistindo ao filme Gasparzinho, estavam tão atentas que fiquei juntos com elas assistindo ao filme, e depois falaríamos a respeito do mesmo. Todas concordaram, pois disseram que: Estava sendo legal assistir ao filme, era engraçada a palhaçada e as brincadeiras que fazia com os vivos."

3.11.2. Justificativa
Nesse dia não foi realizada atividade de oficina com materiais mas como relata Cupertino (2001, p. 63), o filme também pode ser oferecido como uma opção em Oficina de Criatividade desde que tenha um objetivo.

"É um excelente veículo para discussão das diferenças e dos critérios de normalidade e de aceitação dos indivíduos e formas de existência pelos outros. Por seu caráter fantástico, o filme exacerba tanto as maçantes e estereotipadas características dos "normais" quanto os problemas da diferenças."

Acredito que nessa oficina específica, o objetivo foi alcançado, pois foi uma escolha do grupo, e foi respeitada a individualidade do grupo.

 

3.12. DÉCIMA SEGUNDA OFICINA DE CRIATIVIDADE

3.12.1. Atividade
Aguardamos para que todas as idosas chegassem. Pedimos que sentassem o mais confortavelmente possível. Utilizamos as seguintes frases, abaixo descritas, de indução ao relaxamento, baseadas em Merriel Salle Redfield, Descobrindo a alegria de viver: um guia de meditação.

  • Fechem os olhos e pensem nos seus sonhos e esperanças.

  • Agora respire profundamente algumas vezes.

  • Deixe de lado suas preocupações por algum tempo.

  • Agora venha comigo em uma viagem mental, que hoje é um dia especial.

  • Imagine que está numa praia.

  • Veja como o mar é bonito, sinta o ar, o sol quente, a areia.

  • Ouça o barulho das gaivotas.

  • Sinta o calor do sol aquecendo seu corpo.

  • Agora imagine que é uma criança e gosta de brincar.

  • Incorpore a essência dessa criança.

  • Continue brincando, aproveite e divirta-se.

  • Pense: qual o objetivo da vida dessa criança?

  • Escute qual é a resposta.

  • Guarde a resposta.

  • Agora imagine que chegou a adolescência. Como você é forte e saudável.

  • Sinta os sonhos e as esperanças.

  • Como adolescente qual seu objetivo na vida?

  • Apenas escute sem questionar a resposta.

  • Guarde as respostas em sua mente e avance mais no tempo até a idade que tem hoje.

  • Aproveite brinque na praia como há muito tempo não o faz, de risadas.
     

  • Qual é o seu objetivo hoje?

  • Ouça a resposta com seriedade.

  • Pense em sua vida e qual o seu objetivo especial.

  • Como as experiências passadas contribuíram para o seu momento atual?

  • Fique alguns momentos imaginando como foram estas experiências.

  • Agora vamos avançar no tempo.

  • Imagine que você envelheceu e adquiriu mais sabedoria.

  • Continue a sentir-se forte e saudável e continue a brincar na praia.

  • O que você mais gosta de fazer nesse lugar?
     

  • Guarde suas respostas em sua mente.

  • Nessa idade qual seria seus objetivos para o futuro?

  • Imagine e escute as respostas.

  • Guarde em sua mente.

  • Agora volte para o momento atual.

  • Existe algum desejo que não expressa atualmente?

  • Pense e guarde suas respostas.

  • Volte para o momento atual, abra os olhos várias vezes, mexa o corpo e espreguice-se.

  • Respire várias vezes lentamente.

Após o relaxamento algumas idosas deram seus depoimentos, antes do inicio da outra atividade. Distribuímos as revistas para que as participantes escolhessem figuras, imagem ou fotos para as respostas que estavam guardadas em suas mentes. Após a seleção do material, todas iniciaram a colagem na caixa. Colocamos o CD Clássicos Eternos, vol. 4, editora O Globo.

3.12.2. Objetivos
O rasgar simboliza colocar suas preocupações para fora, além de trabalhar os movimentos e coordenação motora. E isso foi possível, o que observarmos durante as atividades e nos depoimentos de cada uma.

3.12.3. Materiais utilizados

  • Cola;

  • Revistas diversas;

  • Caixas de sapatos ou de camisas;

  • CD;

  • Toca CDs.

3.12.4. Total de participantes
Participaram 18 idosas 

3.12.5. Disposição das participantes na atividade
Durante a atividade as idosas, enquanto colavam, conversavam nos seus grupos e uma cantarolava. Outras não quiseram fazer, escolheram as revistas, colocaram dentro da caixa e disseram que fariam mais tarde, porém, permaneceram com o grupo apenas observando suas colegas.

3.12.6. Avaliação
Mesmo que algumas tenham dificuldades tanto motoras com visuais, participaram das atividades compartilhando com o grupo e pedindo ajudam para companheira ao lado. E com orgulho falavam com suas colegas sobre as figura, paisagem que estavam colando e o porque.

3.13. Avaliação geral
A cada atividade que foi proposta durante o ano, percebemos que a Oficina de Criatividade contribuiu para a mudança e perspectiva de vida, construindo melhores relacionamento, maior afinidades com o grupo, fazendo com que diminuíssem as preocupações para com as doenças, e a velhice, além de poderem compartilhar com suas colegas, resignificando a cada oficina suas angústias, sofrimentos, solidão e podendo, deste modo, fortalecer, em alguns momentos, esses sentimentos.

As Oficinas de Criatividade também proporcionaram às participante, individualmente, poder perceber que apesar da velhice a pessoa pode se sentir útil e aprender mesmo com limitações. Isso não é empecilho. As idosas podem estabelecer prioridades e definir objetivos futuros. Percebendo que podem contribuir e fazer algo para si e para os outros, portanto, não precisam ficar o dia todo em seus leitos ou vendo TV.

A Oficina de Criatividade além de proporcionar esse movimento, também proporcionou a resignificação do ser no mundo como a interação e integração do grupo.

Pudemos observar que algumas idosas não só tiveram uma atitude de independência interna e autoconfiança, como a resignificação de suas características individuais e os seus próprios limites.

Esse comportamento comunicativo, em expressar suas emoções, sofrimentos, angústia, podendo transmitir a outras seus sentimentos, produziu modificações na situação ambiental, que poderão ser um estimulo a outras idosas serem capazes de provocar modificações no modo de ser através de novas experiências, adquirindo estimulação e à liberação da autenticidade individual. Obtendo através dessa nova situação uma resposta mais adequada e construtiva a uma situação antiga.

A partir dessa concepção podemos deduzir que o indivíduo que procura satisfazer as suas necessidades de qualidade e de novidade aumenta sua auto estima e assim descobre uma nova maneira de relacionar-se com o mundo, de descobrir novas formas de expressão, de criar a linguagem adequada ao próprio sentido da comunicação que pretende atingir, de satisfazer e assim transformar-se, reduzindo as tensões, favorecendo a novas descoberta perceptiva, de experiências emocionais diferentes, canalizando e resignificando suas tensões, conflitos, sentimentos de frustração, de insatisfação.

CONCLUSÃO
Concluímos que somente com muito treinamento é que o profissional de Psicologia poderá entender os fenômenos visíveis e principalmente os sutis que mostram-se durante os atendimentos, pois a fineza com que as pessoas colocam seus problemas, muitas vezes mascaram ou desfiguram os problemas apresentados.

Deolinda: Vocês ficam pensando o que vão fazer toda a semana com os velhos? Cada semana faz uma coisa diferente. Quando estou fazendo as atividades esqueço das coisas. Meus pensamentos vão longe. Gosto muito de fazer, alivia um pouco, é muito bom.

As Oficinas de Criatividade, através aplicação das mais diversas técnicas de criatividade voltadas para os clientes, faz com que cada vez mais o estagiário de psicologia ou o recém formado, possa ir se familiarizando com o universo do cliente, e principalmente, o seu próprio universo, percebendo sua forma de intervenção e aprimorando o que foi aprendido durante a formação acadêmica, mas que só a persistência e o treino nos atendimentos pode lhe dar a sutileza necessária para compreender os meandros por onde se expressam os clientes, que nem sempre é o que aparenta.

Fiquei pessoalmente pensando se o atraso não interferiu no contexto geral, pois a ansiedade de esperar alguém e este não aparecer, gera ansiedade e angústia no grupo. Mesmo tendo explicando o motivo.

Este é para mim o real valor da Oficina de Criatividade, aguçar a criatividade e a sempre presente reavaliação da atividade profissional, o que torna o profissional de Psicologia cada vez mais apto a conhecer os meandros da mente humana.

Sem este treino, que é exaustivo, pois a cada atividade as situações apresentam momentos de otimização e momentos caóticos, não será possível para um psicólogo atuar junto a pessoas que possuem problemáticas comuns e que se encontram em uma fase de desinteresse pela própria vida, como é o caso de idosos doentes, abandonados por seus familiares e que somente vem pela frente o caminho inexorável da morte.

 

BIBLIOGRAFIA:
BENJAMIN, Walter. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. 7ª ed. Trad. Sérgio Paulo Rouanet. Rio de Janeiro: Brasiliense, s.d. Obras Escolhidas, v.1.
CUPERTINO, Christina Menna Barreto. Criação e formação: fenomenologia de uma oficina. São Paulo: Arte & Ciência, 2001.
FELDENKRAIS, Moshe. Consciência pelo movimento: exercícios fáceis de fazer, para melhorar a postura, visão, imaginação e percepção de si mesmo. São Paulo: Summus editorial, s.d.
GINGER, Serge e GINGER Anne. Gestalt: uma terapia do contato. 2 ed. São Paulo: Summus editorial s.d.
HUANG, Al Chung-liang. Expansão e recolhimento: a essência do T'ai Chi São Paulo: Summus editorial, s.d.
NICHOLLS, Jonh e NICHOLLS, Lynn. A técnica de Alexander: a posição semi-supina. Trad: Edmundo Luis Alves Dias. Londres: Escola Técnica Central de Londres, Departamento de Línguas Modernas, 1983. Mímeo.
MORATO. Henriette Tognetti Penha (coord.). Aconselhamento psicológico centrado na pessoa. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1999.
REDFIELD, Merriel Salle, Descobrindo a alegria de viver: um guia de meditação.
ROLLO. A coragem de criar. Sl: Editora Nova Fronteira, sd.
Gestalt terapia-  principais conceitos e awareness. (mímeo sem indicações de origem)
Gestalt-terapia - origem e desenvolvimento - cap. 2 (mímeo sem indicações de origem)

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