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O Processo Criativo - pós em Arte Terapia

A felicidade a encontramos cada um dentro de nós mesmos.
A felicidade está na união com o Pai”
V-M- Rabolú

“O pior inimigo que você pode encontrar é ser sempre você mesmo”
Nietzsche.

"O maior objetivo da Natureza é a preservação das espécies; assim, Ela dotou os seres com um mecanismo para perseguir Seu objetivo maior.”
Prof. Luiz Machado

UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP
PÓS GRADUAÇÃO EM ARTE TERAPIA
Disciplina: O PROCESSO CRIATIVO
Docente: PATRÍCIA PINNA BERNARDO
Aluna: WILMA ANTÔNIA NUBIATO SANTESSO
São Paulo
Maio/2006

Elaborar um book com as atividades realizadas no curso e textos correspondentes, ou seja fazer o seu diário de bordo, com descrição e fotos das atividades realizadas.

Comparação relevante relacionando atividades com os textos incluindo citações e o que relacionou a cada tema trabalhado em nossas aulas (poesias, músicas, quadros ou outras expressões artísticas, suas ou de outros autores).

O Processo Criativo enfatiza as vivências, a compreensão das etapas e as aplicações, de atividades através do contato com a linguagem e as técnicas expressivas, possibilitando ao indivíduo o desenvolver de sua criatividade. Para a compreensão teórico-prática do Processo Criativo, deve-se enfocar suas etapas e sua importância para a estruturação da personalidade, discutindo sua utilização nos contextos pedagógico, terapêutico e preventivo. A aplicabilidade do Processo Criativo pode ser utilizado em diversos campos.
Dentro das ferramentas do Processo Criativo pode-se utilizar, por exemplo: os contos e as histórias pois a leitura de um texto, já existente, ou a feitura de algo novo permite dar vazão às expressões dos processos inconscientes. A narração provoca a revitalização desses processos, restabelecendo a conexão entre consciente e inconsciente.
Os contos e as histórias facilitam o acesso ao mundo interno, permitindo, de forma sutil, a abertura de espaço da imaginação criativa, instaurado a transformação dos pensamentos e sentimentos na medida em que permite que ao ser recontado, torne possível outros novos finais, levando o ouvinte ou o leitor para um mundo imaginário onde tudo é possível, permitindo viver as sensações sem as barreiras impostas pelo ego.
O corpo do texto permiti a abertura das emoções e sensações, dando liberdade para o caminho da expressividade até o imaginário, removendo barreiras ou bloqueios. Quanto mais o conto ou a história for contada, ouvida, recontada e transformada, proporcionará um contato com todos os sentimentos, emoções, angústias e conflitos, desta forma abrindo novas possibilidades e novas saídas para as experiências do cotidiano, com a finalidade de trazer a tona o conhecimento do quem somos.
Outro exemplo é o poema, pelo qual pode cada um expressar o seu poder de criação, e trazê-lo para o outro. Enquanto o poema é lido vai adentrando e penetrando nos pensamentos, as palavras fazem, com que as imagens surjam, deixando o imaginário fluir e viajamos para outros mundos onde se cria, imagina e fantasia.
O Processo Criativo é composto de um conjunto de etapas, onde cada uma tem um papel claramente definido e com determinada cronológia. No Processo Criativo não há um conjunto de procedimentos, como uma receita pré estabelecida que se pode seguir, pois cada indivíduo é criativos em maior ou menor grau.
O Processo Criativo compreende a habilidade de conceber novas idéias ou produtos resultantes de um conjunto de idéias já existentes, sejam elas relacionadas ou não. Indivíduos criativos "enxergam" o que muitos têm dificuldade de perceber. Estes indivíduos têm a habilidade de descobrir coisas novas, fazendo conexões de idéias aparentemente não relacionadas.
Pessoas criativas, geralmente, possuem grande curiosidade sobre muitas coisas e mostram-se sempre interessadas em questionar quase tudo ou tudo. Também, demonstram interesse por áreas não relacionadas e são capazes de inventar coisas a partir de idéias desconexas. Elas formam associações entre idéias dissociadas no campo de estudo e tempo, bem como entre idéias sem qualquer relacionamento lógico.
Talentos, dons e recursos internos são o propósito de uma vida, um destino que é direcionado por um conteúdo inconsciente, todos nascem com um propósito na vida, mas os mais criativos tentam tirar o maior proveito disto. A criatividade possibilita ao indivíduo contribuir socialmente no mundo de transformações, criando novos produtos, serviços e gerando empregos. As empresas procuram buscar não somente a sobrevivência, mas também sua expansão, e é através de talentos humanos que se desenvolvem
O caminho humano do viver, do sobreviver e do conviver está entrelaçado de ações criativas conscientes ou inconscientes de seres humanos comuns, anônimos. O potencial criativo está em cada ser humano e pronto para ser estimulado, movimentado, liberado e libertado. Desta maneira qualquer pessoa pode lançar mão de alternativas criativas que lhe permitirão engrandecer sua vida individual, nos grupos ou nas comunidades, através de um novo modo de pensar, sentir e agir de forma mais consciente que é aprendido e reaprender por meio de técnicas ativadoras do potencial inato de cada um.

 

Entrada da borboleta
Momento da transformação
A metamorfose

Wans

Quem sou eu
Quem somos!
Quem são os outros
Porque estamos no mundo
Somos como a borboleta
Somos o casulo
Crescemos
Transformamos
Metamorfose
Nasce a borboleta
Crescemos
Saímos em busca do novo
Aquilo que nos atrai
Movemos pela intuição
As sensações
Os sentimentos
Afloram nossas emoções
Metamorfose
Resignificamos
Buscamos o novo
O desconhecido
Às vezes
Voltamos de onde saímos
Metamorfose
Casulo
O mundo dentro de nós mesmos
Conhecimento de nós mesmo
Conhecer outros
Possibilidades
Metamorfose
Mitos
Ritos
Começo
Caos
Novos caminhos
Nova vida
Desabrochar do casulo
Metamorfose Semente da transformação
Metamorfose
Linda borboleta

Vivência Expressiva

Atividade: Colagem - Confecção de Cartazes de apresentação dos alunos.
Material: Cartolina, cola, tesoura, revistas diversas

A atividade iniciou-se quando foi colocado o material no centro da sala e as pessoas participantes alinhadas em um círculo para que pudessem ter acesso ao material e também, ter acesso ao grupo como um todo para propiciar a interação entre si.
Após a confecção do cartaz de apresentação deu-se o inicio da apresentação de cada participante, onde expuseram-se as idéias relacionadas com a montagem do seu próprio cartaz e caso houvesse interesse qualquer um poderia falar do cartaz de outro com o qual houve alguma identificação.
Essa atividade tem por objetivo facilitar a integração, interação e o conhecimento da cultura de cada participante. No depoimento dado individualmente ao grupo, cada um definiu o porque da busca pela Arteterapia. Os participantes, em sua maioria, afirmaram que sentiam falta de conhecimento teórico psicológico e que pretendiam, com a participação como aprimorados ao longo do curso, ampliar seu conhecimento teórico para poderem ajudar a si mesmos e aos clientes dentro das mais diversas áreas profissionais de atuação. O ideal de cada um, como foi analisado é a preocupação com o outro, isto é, obter conhecimento para ajudar o próximo.
Durante a atividade o fato mais interessante e que folheando as revistas e coletando as gravuras e figuras que tinham alguma identificação com algum sentimento e as que chamavam a atenção, foram emergindo os conteúdos internos. Outra fato interessante, durante a confecção do cartaz, é que, para mim, veio a memória os quatros elementos da Natureza: terra, água, fogo e ar. Nessa vivência percebemos o quanto emergem os conteúdos internos, e que ao selecionarmos as figuras os pensamentos fluíam e começavam a se identificar com os sentimentos.
Essa vivência proporcionou o amadurecimento grupal numa compreensão maior do eu, abrindo novos horizonte e novas perspectivas do ser humano como um todo. Essa motivação também apontou certos rumos à imaginação avaliando os valores e paradigmas constituídos na sua totalidade, naquele momento coletivo, pois somos várias pessoas com sua singularidade e particularidade de visões e concepções de novos significados à realidade, acima de tudo. Observou-se que o ser humano é diferente um do outro, com visões diferentes onde cada um respeita os limites e a visão de mundo de forma individual. De posse deste conhecimento concretiza-se a construção ou não de comportamentos e posicionamentos criando possibilidades existenciais de crescimento psíquico para cada participante, emergindo no momento da realização da atividade proposta pela Oficina.
Esta atividade teve como objetivo a integração dos componentes, por ser um conjunto de relações, em constante movimento, cada participante age de maneira diferenciada e sua forma de integração se dá conforme a sua forma própria de organização e identificação coesão e dispersão com os membros do grupo, gerando um movimento de transformação.
Portanto, o processo de formação de norma, comunicação, cooperação, percepção de cada indivíduo pretende desenvolver o eu interior e dependerá da interação entre os fatores subjetivos e objetivos de cada um, levando-se em consideração a individualidade e a formação cultural. Há também, relações vinculadas tanto às regras conscientemente estabelecidas quanto ás motivações inconscientes e o insight será elaborado a partir da experiência individual das reflexões, articulação de reflexões, os conflitos, realizações vividas, emoções e os vínculos estabelecidos.
Este tipo de vivência propicia uma integração grupal e é interessante utilizá-la no primeiro encontro como um meio de compreender a vida emocional e inconsciente do grupo, permitindo, ainda, perceber a identidade grupal. Assim, o amor de um encontra seus limites no amor do outro. A mudança de uma suposição básica para outra, acontece de forma variada ao longo do processo do grupo.
É por meio desse processo contínuo que o grupo apresenta um crescimento, isto é, a possibilidade de elaborar conflitos e fantasias está vinculada à realização do grupo como grupo de trabalho. Também, promove a despersonalização dos membros, atados que estão a uma estereotipia da regra do grupo, estereotipia que se manifesta também na fala do grupo.
Na medida em que se é capaz de elaborar as angústia e caminhar na realização de seus objetivos, o grupo pode incorporar essa experiência à compreensão que tem de si e de suas relações. Essa atividade também ajuda a identificação de uma demanda, que poderá ser relevante para o trabalho na Oficina, oferecendo vários ângulos e tópicos de abordagem.

Além da interação que a atividade proporciona, apresenta a problemática a ser discutida e refletida que vai nos orientando na escola dos subtemas e focos de discussão, tais como: Quais são as principais informações a serem trabalhadas? Que aspectos emocionais e relacionais o tema parece levantar? Como terá sido a experiência dos participantes em relação a essa questão? Esses focos de orientação nos leva, não a uma reflexão rígida, mas a qualificar o encontro.

 

ATIVIDADES REALIZADAS: O PROCESSO CRIATIVO

“Semente é o tempo que cada um precisa para que seja germinado e no final colher os frutos que produzirão.
Esse fruto cada um colherá conforme a sua dedicação”
Anônimo

A Criatividade como um Processo de Transformação e sua relação com o desenvolvimento da personalidade.
Vivência expressiva: “caixa do olhar”
Material expressivo a ser utilizado: caixa pequena, tintas e material para colagem (revistas, pedaços de papel), cola, tesoura, bolinas de isopor (granulados), um pedaço de tule um pouco maior do que a superfície da caixa, barbante.

Textos:

  • Grinberg: Jung - homem criativo – cap. 4, pp. 89 a 110

  • Salis: O ócio criador, trabalho e saúde – pp.31 a 45

  • Gervim, Patrícia: Vivência finalizada com “Palavra de Criança” – (Baralho de Cartas), São Paulo: Ed. Pensamento.

 

“Relaxamento: Caminho da busca das possibilidades”

A Caixa de Olhar é uma atividade que nos remete a olhar o mundo de diversas dimensões, olhar o seu mundo interno - seu inconsciente. É uma atividade prazerosa, desde o início quando vamos escolhendo os materiais, que são selecionados de acordo com nossos olhares refletidos para o interior que será refletido no exterior após ficar pronto o objeto proposto. É curioso quando terminamos e ao furar em vários lugares escolhidos por nós e olharmos para dentro expandimos nosso olhar em cada dimensão, observamos o que fizemos e nosso olhar se modifica. Após a construção verificamos nosso mundo interno colocado para o mundo externo o que está na "sombra".
Com a atividade temos uma visão parcial individual e a cada movimento esta visão se transforma e desta maneira nos clarificamos e resignificamos através do furo-olhar-foco que é maior que o nosso olhar. São várias as perspectivas da questão de aprender com o outro e nos permite uma visão, um olhar diferencial, um olhar coletivamente eu/consciente, onde está a sabedoria. Jung uma vela que vai ampliando a luz dentro de si permiti abrir esse olhar.
O foco do olhar é a relação do consciente com o inconsciente. O novo olhar com a realidade de si próprio e o mundo. Através das janelas nosso olhar tem a visão e várias perspectivas.


“Você olha o mundo com meus olhos e eu com os teus” (Patrícia Pinna)


Alguns indivíduos possuem determinada permeabilidade entre consciente-inconsciente, embora, outros indivíduos também apresentem tal permeabilidade, no artista os conteúdos gerados pelo inconsciente são trazidos à consciência através da arte. Jung faz a distinção entre a arte produto da neurose, que segundo ele é permeada de conteúdos pessoais e a arte cuja fonte está no inconsciente coletivo.
Nos casos em que a arte é produto de uma neurose o artista busca inspiração em seu próprio inconsciente pessoal porém, essa fonte de inspiração pode se extinguir com a dissolução dos conflitos, conteúdo simbólico e sobretudo universal, Jung depositava maior interesse neste tema. O conteúdo da arte proveniente do inconsciente coletivo não tem sua origem nos sintomas ou numa repressão, pois jamais passou pela consciência, e suas imagens pertencem ao patrimônio comum da Humanidade. E é exatamente por esse motivo, que essa espécie de obra de arte nos sensibiliza de forma tão arrebatadora, pois está repleta de significados e experiências comuns a todos.
A arte do inconsciente pessoal, por outro lado, geralmente não resiste, não é deixada à posteridade, principalmente diante da velocidade vertiginosa das informações na época atual. As artes fruto da neurose são sombras que passam e se vão; mas há aquilo que fica: o tempo conserva o que realmente possui valor. Na arte e na doença mental o tratamento dado às imagens inconscientes tem uma aparente semelhança, que se manifesta na falta de sentimento e harmonia, na fragmentação e impulsos contraditórios.
Os mitos fazem parte da humanidade e são representados através de manifestações arquetípicas do indivíduo. Isto nos leva a uma conexão com a estrutura do indivíduo ao consideramos sua história, pois traz consigo predisposições de ancestrais de mitos e repete a mesma simbologia de acordo com seu momento atual.
Na Psicologia analítica existem vínculos com os mitos para estudos dos arquétipos, tendo em vista que o inconsciente fala através da linguagem simbólica, a imagem arquetípica podemos entender a partir dos mitos. Do arquétipo da sombra ao do self, Jung apresentou vários estudos, e podemos perceber que ao longo de suas obras, um mesmo personagem mitológico, apresentam no indivíduo diversas situações arquetípicas.
Se partirmos do pressuposto que os indivíduos são um processo num mundo mágico, cheio de mitos, de histórias e estórias contidas em cada um de nós e que o mesmo símbolo pode significar várias implicações e conotações diferentes, de acordo com cada indivíduo e o que determina o significado é o contexto histórico que cada um traz consigo - além, de suas características genéticas, pessoais, individuais, socioculturais - traz algo de muito especial que vem de espaço e tempo inexistentes. Alguma coisa que sai da memória da coletividade, chega ao indivíduo através de formas próprias. Transcende a consciência, mas registra, influencia seu mundo.

ATIVIDADES REALIZADAS: O PROCESSO CRIATIVO

“Do longo sono secreto
na entranha escura da terra,
o carbono acorda diamante.”
Helena Kolody

Criação: passagem do Caos ao Cosmo.
Vivência expressiva: pintura em ovos e construção de um ninho.
O Ovo (Deusa Isa – Grécia) - Maternidade egipiana
Material expressivo a ser utilizado: ovos, tinta acrílica ou guache, gliter (opcional)


Textos:

  • Von Franz: Germes e ovos - mitos de criação – (pp. 208-215)

  • Nachmanovith: Ser criativo – (p. 27-42)

 

"É mais fácil ver os erros dos outros que os próprios; é muito difícil enxergar os próprios defeitos."
Buda Gautama Sakyamuni

“Toda a arte de ensinar é apenas a arte de acordar a curiosidade natural nas mentes com o propósito de serem satisfeitos”
John Powell

“Para compreender as pessoas devo tentar escutar o que elas não estão dizendo, o que elas talvez venham a dizer”
John Powell

O Ovo filosófico possui significações variadas: está ligado à maternidade, ao renascimento, à renovoção, à alquimia ovo, entre outros. A maternidade posiciona a mulher diante de uma nova situação que implica em adaptação e reposicionamento de conduta; esse processo é lento e gradual exigindo da mulher capacidade de dar sentido a esta vivência, através de um processo elaborativo que resulta em auto conhecimento e crescimento.
A forma de vivenciar a maternidade difere pela individualidade de cada mulher. A transformação da mulher de filha para a mãe, focando a experiência da maternidade como uma possibilidade de avanço no processo de individuação, passa por uma mudança simbólica radical em sua consciência de si – mesma ao tornar-se mãe.
"Quando ocorre o nascimento e com ele se conclui a transformação da mulher em mãe, põe-se em atividade uma nova constelação arquetípica, a qual remodela a vida da mulher até suas camadas mais profundas." (Neumann, 1995, p.40).
A modalidade arquetípica a qual se refere Neumann é o arquétipo materno.
Há tantos arquétipos quanto situações típicas na vida. Intermináveis repetições imprimiram essas experiências na constituição psíquica, não sob a forma de imagens preenchidas de um conteúdo, mas principalmente, nas forma sem conteúdo, representando a mera possibilidade de um determinado tipo de percepção e ação.
"Quando ocorre algo na vida que corresponde a um arquétipo, este é ativado e surge uma compulsão que se impõe à moda de uma reação instintiva contra toda razão e vontade, ou produz um conflito de dimensões eventualmente patológicas, isto é, uma neurose“ (Jung, 1976, p.58).
Assim, a maternidade pode ser vista como uma situação típica na vida, em que a mulher é confrontada com o arquétipo materno, o que evoca um determinado tipo de ação e percepção característico.
“O arquétipo materno, sendo a matriz da autoconsciência feminina, estrutura a consciência da mulher num eixo próprio seu, feminino, e sua constelação na gravidez e maternidade levam a uma revisão da estruturação matriarcal de sua personalidade.” (Galbach, 1995, p. 38)
Jung considera que o arquétipo materno, como todo arquétipo, possui uma variedade incalculável de aspectos e sobre os traços essenciais deste arquétipo, e menciona:
"Seus atributos são o “maternal”: simplesmente a mágica da autoridade do feminino; a sabedoria e a elevação espiritual além da razão; o bondoso, o que cuida, o que sustenta, o que proporciona as condições de crescimento, fertilidade e alimento; o lugar da transformação mágica, do renascimento; o instinto e o impulso favoráveis; o secreto, o oculto, o obscuro, o abissal, o mundo dos mortos, o devorador, sedutor e venenoso, o apavorante e fatal." (Jung 1976, p.93).
Os traços negativos da bipolaridade do arquétipo materno definido por Jung como o secreto, o oculto, o obscuro, o abissal, o mundo dos mortos, o devorador, sedutor e venenoso, o apavorante e o fatal remetem a mulher ao aspecto sombrio da maternidade. Se o processo de maternidade é renovação, nada mais natural que se encare o momento do nascimento de um filho como, simultaneamente, morte-vida, dor-júbilo.
Para nascer a mãe, faz-se mister morrer a filha. Ora, morte é dor, é perda. É sair do conforto do modelo conhecido e dominado para o inusitado, porque desconhecido. É necessário, portanto, que a mulher considere as perdas implicadas na mudança de identidade, as sombras que fazem parte da vivência do processo, o caráter bivalente do arquétipo materno, como parte integrante do aspecto simbólico do ato da criação.
Elaborando o significado mais profundo da experiência da maternidade. Jung diz:
“Mãe” é um arquétipo que indica origem, natureza, o procriador passivo (logo, matéria, substância) e portanto a natureza material, o ventre (útero) e as funções vegetativas e por conseguinte também o inconsciente, o instinto e o natural, a coisa fisiológica, o corpo no qual habitamos ou somos contidos. “Mãe”, enquanto vaso, continente oco (e também ventre), que gesta e nutre, exprime igualmente as bases da consciência."(Jung 1976, p.93).
Ligado ao estar dentro ou contido, temos o escuro, o noturno, o angustioso. Esta herança permanece viva na linguagem, por um lado, e, por outro, na estrutura da psiquê. O verdadeiro símbolo deveria ser entendido como uma expressão de uma idéia intuitiva que não pode ser formulada de outra forma ou de maneira melhor.
O símbolo não traz explicações; impulsiona para além de si mesmo na direção de um sentido ainda distante, inapreensível, obscuramente pressentido e que nenhuma palavra de língua falada poderia exprimir de maneira satisfatória.
Buscamos com isso penetrar na natureza fundamental do processo criativo para revelar que o ato criativo emerge da interação profunda e próxima dos nossos principais espaços da personalidade - mente, sentimentos, imaginação -, fundindo-se com energias de processos conscientes e transpessoais
Mas enfim, foi uma atividade que mexeu muito com o interior, iniciou-se no primeiro instante da manipulação do ovo, primeiro com a nossa fragilidade, com medo de não quebrá-lo, mas percebemos que não é tão frágil e que necessitamos de muita criatividade para furá-lo sem quebrar. Ao mesmo tempo que tem o lado frágil tem o outro de não quebrá-lo e a dificuldade que encontramos nessa etapa.
Depois desta etapa a retirada da clara e gema, uma experiência somente que já foi mãe saberá transcender e entender. A expulsão do feto, a sensação sentida é a mesma que sentimos quando há a expulsão do feto, um orifício feito com uma agulha, olhamos pensávamos como retirar o conteúdo.
Ai a surpresa outra sensação de assombro, quando tudo é expelido e expulso, saindo tudo de uma vez. Nesse momento temos uma sensação estranha, lembrança do aborto, a expulsão do feto e o vazio.
Vazio com sensação de enjôo, arrepio pelo corpo. Remete-nos ao nosso interior, mas essas lembranças do parto/aborto que continua na sala com a experiência do outro componente, retomando toda emoção, sentimento anterior, retomado da lembrança do aborto como a perda de um ente querido que por circunstâncias da vida não vingou. Uma semente que foi plantada, recebida com carinho, amor, mas no percurso foi interrompida, não prosseguiu até o seu trajeto final.
O vazio nunca será preenchido, magoa, culpa, sofrimento, angústia, expor, desabafar fatos vivenciados no passado, aprofundar, aprender, compartilhar, bons e maus momentos, preencher o vazio da perda. O vazio que ficou, a impotência e a frustração da maternidade. Enfim, compreender como você vê o outro a partir da sua experiência, ouvir, escutar, nunca reprimir, culpar pelos atos, mas apoiar, dar carinho, amor. Reviver a experiência, é como ir construindo esse vazio e aos poucos sendo transformado, resignificado.
Não importa o que passou, dor, magoa, angústia, tristeza, perda, mas reformular o conteúdo que ficou internalizado, transformar numa nova visão do ser diante de uma experiência vivida. Somos frágeis. E só crescemos com o sofrimento e a resignificação. Vivência do sagrado, momento que sentimos que fazemos parte, buscar o grão de areia, fazer é o concretizar, fazemos parte desse mundo.
Acontece em três momentos, crepúsculo, tempo sem tempo, o ovo está fecundado, precisa se sustentar no tempo, entra em sintonia. O fazer em si o mesmo processo. Esse é o mais importante o contato com a energia psíquica que liga consciente e inconsciente. Entrar no estado criativo é estar aberto a este fluxo, trazendo a concretização. Trazer no aqui/agora e dar lugar e integrar a vida, traduzindo em melhoria de qualidade de vida. O contato com esse fluxo de deixar entrar no seu interior e trazer sentimentos escondidos à tona. Reviver, sejam pensamentos fortes ou não.
O novo é o desconhecido por excelência. O caminho seja por qual for a experiência trará o retorno. Ego é a parte pequenina desse todo. É o seu processo em desenvolvimento que pode ser o caos e cosmos, consciente, com inconsciente. O caos criativo, inconsciente coletivo, arquétipos são possibilidades desta semente germinar ou não. Sempre partir do não sei, para que possa ser integrado como uma semente. O quanto é uma possibilidade, concretização . essa percepção nos dá possibilidade de ver as coisas de amplo diferente e então compreender.

Aborto
Wans

O aborto
Sem sentido
A morte
Sem permissão
É rápido
Nada se faz
O aborto
Vem o vazio
Três palavras
Três significados
Para cada um
O seu tempo
Cura
Dura
Vazio
Eterno
Nunca será preenchido
Aborto
Vivido
Sofrido
Experiência que cada ser dará seu significado
Aborto
Vivido
Vazio eterno
Tempo cura a dor
Solidão
Angústia,
Impotência
A dor.
Aborto
Vivido
Vazio
Internalizado
Um dia esquecido
Revivido
Ficou o vazio
Aborto
Vivido
Sofrido
Ficou o vazio.


ATIVIDADES REALIZADAS: O PROCESSO CRIATIVO

"A liberdade interior dos desejos corriqueiros
A libertação da ação e do sofrimento
A liberação da compulsão interior e exterior,
Por uma graça de senso, uma luz branca
tranqüila e em movimento"
T. S. Eliot

Vive aberta a porta da casa / Ninguém entra para furtar.
Por que se fecharia a casa? / Quem se lembra de furtar?
Pois se há vida na casa, a porta / Há de estar, como a vida, aberta.
Só se fecha mesmo a porta / Para quedar, ao sonho, aberta.”
Carlos Drummond de Andrade

 

O Processo Criativo: A interação entre as polaridades
Vivência expressiva: Surpresas
Material expressivo a ser utilizado:

  • Disco recortado de cartolina branca

  • Papel manteiga

  • Lápis de cor ou giz de cera

  • Tesoura

  • Cola

Textos:

  • Von Franz: A divisão e quádrupla do universo - Mitos de Criação (pp. 216-2141)

  • Nachmanovitch: Ser criativo (pp. 149-162)


"Escuta tua consciência antes de agir, porque a consciência é Deus presente no homem."
Victor Hugo

Iniciamos a atividade com um relaxamento e a seguir fizemos individualmente um disco com o material disponível, com um ponto no meio da disco e a partir desse ponto pintamos o disco de várias cores, até aqui sem novidade, mas ao recortar o papel manteiga, fizermos uma janela e uma porta, que ao abri-la e colocá-la sobre o desenho, temos uma surpresa. O abrir uma porta ou uma janela é olhar o desenho sobre outra dimensão, somente em partes, é muito interessante.
É uma surpresa, as vezes pensamos fazer determinado desenho e no transcorrer surge outro diferente daquele. Pegar o lápis e concentrar-se vem de dentro de nossos conteúdos internos, que se expande sobre o papel, dando formas geométricas ao traçado, mas que no final observamos e vemos os nosso conteúdo internalizado na expressão artística desse momento, no qual nunca um é igual ao outro, pois a cada dia estamos diferente, o que foi ontem, não será hoje, e hoje não será amanhã.
Criar é dar forma algo novo e não se refere somente à produção artística, mas também, é como um agir integrado ao viver e, se o homem cria, não é apenas porque quer ou gosta, e sim porque precisa. A criatividade humana envolve a capacidade de inovar respostas frente a desafios, quer seja no cotidiano com novas idéias e ações, ou em produções nas artes, ciências e tecnologias diversas.
O ato criador não se faz a partir do nada; ele relaciona pensamentos, fatos, estruturas de percepção e contextos associativos já existentes, mas até então separados, para que juntos estabeleçam a resposta inovadora.
A originalidade é a característica mais ampla de personalidades criadoras, pois engloba diferentes capacidades, como a de produzir idéias raras, resolver problemas de maneiras incomuns, usar objetos e situações de modo não costumeiro, gerando assim novas possibilidades diante de desafios. A criatividade não é uma questão de superioridade genética, mas sim, de esforço e dedicação pessoal. Com efeito: fundamenta-se cientificamente a capacidade natural para desenvolver a própria criatividade. Mais ainda, chega-se a pensar que a criatividade constitui vocação natural. Tudo parece indicar que o Criador nos criou criativos.
Jung declara que a realidade contém tudo quanto ele possa conhecer, pois qualquer coisa que atue sobre ele é real e presente. Assim, não aceita como reais unicamente os dados fornecidos aos sentidos. Nesta perspectiva somos levados a olhar nossas imagens interiores, inclusive as produzidas pelo inconsciente. Para Jung essas imagens interiores se dividiam em duas modalidades: o inconsciente pessoal e coletivo.
O inconsciente pessoal refere-se às camadas mais superficiais do inconsciente, cujas fronteiras com o consciente são bastante imprecisas e guardam traços de acontecimentos ocorridos durante o curso da vida. O inconsciente coletivo correspondendo às camadas mais profundas do inconsciente, aos fundamentos estruturais da psiquê comuns a todos os homens. Um substrato arcaico, herança comum que transcende os conteúdos puramente pessoais, todas as diferenças de cultura e de atitudes conscientes
O verdadeiro símbolo deveria ser entendido como uma expressão de uma idéia intuitiva que não pode ser formulada de outra forma ou de maneira melhor. O símbolo não traz explicações; impulsiona para além de si mesmo na direção de um sentido ainda distante, inapreensível, obscuramente pressentido e que nenhuma palavra de língua falada poderia exprimir de maneira satisfatória.
Quando existem no indivíduo determinados potenciais latentes, há motivações constantes para exercê-los, já que se manifestam através de necessidades interiores por uma vida mais plena e significativa. Ao utilizar suas potencialidades em todos os aspectos da existência, seja no trabalho ou em diversas circunstâncias e fazeres, o homem configura sua vida e lhe dá um sentido. Quando a pressão por ausência de perspectivas se torna muito forte, há um enrijecimento dos processos de criação caracterizados pela repetição de padrões antigos e dificuldades para mudanças.
Conformismo e falta de flexibilidade são sintomas que podem ter se originado em impulsos inovadores reprimidos na história de cada um. Esses problemas tendem a se agravar na velhice, pela falta de estímulos e oportunidades. Torna-se necessário mobilizar os processos criativos, na tentativa de amenizar e mesmo anular possíveis sentimentos de estagnação ou conformismo na terceira idade, trazendo à vida novas expectativas e possibilidades.
A aprendizagem da arte é sem dúvida mais complexa do que o artesanato ou o desenvolvimento de outras habilidades. Sua grande importância, porém, está na transformação interior que ocorre simultaneamente aos fazer artísticos. O homem que cria está recriando a si mesmo, num processo revolucionário que desafia a passividade e as imitações
Explicitamente manifestadas, as duas polaridades básicas do universo, o pólo positivo ou masculino, definido pelo impulso expansivo, e o pólo negativo ou feminino, definido pela força receptiva e limitante do espaço. Esta dualidade essencial, que é a primeira manifestação sensorialmente perceptível, está presente em todos os níveis de grandeza. Esta é a dualidade da existência, a reflexão da necessidade de procurar novos filtros, ou formas compreensivas para abranger a percepção de realidade, de tal forma que não conseguiríamos direcioná-la.
Alargar nosso compreensão, reflexão, recorrer a outras forma de saber, trabalho interior que busca outras formas de aprender o mundo e seus fenômenos, a tomada de consciência sobre a interioridade como possibilidade de aproximação dos nossos objetos de ação, conhecimento abriria caminhos para o outro conhecimento e entendimento do ser através das vivências
Deste mundo não levamos nada conosco, com exceção do conhecimento, que é a base fundamental, para que possamos tomar qualquer decisão em nossas vidas. E a este conhecimento, todos os seres humanos têm por direito.
A semente vai florescendo durante o ano e acompanhamos a Terra em seu transitar, redefinindo nossa própria evolução, com nossa consciência em expansão. Acreditar nas transformações é navegar pela sintonia do dia, exercendo a ressonância para atrair outros corações para o mesmo objetivo, viver o aqui e o agora, transcender amadurecendo, exercendo o livre arbítrio, com amor, discernimento e equilíbrio, experimentando nossa capacidade de eleger um caminho que nos una com a vontade divina.
O processo criativo começa a se polarizar, estabelecendo parâmetros, comparando e pesando os prós e os contras. Os pares opostos entram em atrito, gerando energia, e nos obrigam a selecioná-los, conciliá-los e harmonizá-los para que a idéia do projeto possa ser definida.
A introspecção nos permite definir para que serve o projeto, qual é o desafio para pô-lo em prática, e estabelecer táticas para superá-lo, criando uma fase de estabilidade. É preciso crescer para vencer os obstáculos, os verdadeiros propósitos se estabilizam e fortalecem suas partes mais profundas.
Quando abordamos a vida com confiança, deixando de lado o ceticismo, abrimos espaço para que as mentes se tornem um terreno fértil de evolução. Este ciclo de crescimento permite que cada um ouça a música de sua magia. Podemos encontrar fertilidade em nossa vida através de forma criativa e deixando-as fluir através de nosso ser, ao invés de bloqueá-la.
Se quisermos plantar sementes que caiam em terreno fértil, devemos transformar nossa visão de mundo, permitindo que os nossos talentos se expressem de forma mais construtivas e criativo que contém todos os potenciais e todas as possibilidades.

ATIVIDADES REALIZADAS: O PROCESSO CRIATIVO

O eu, o outro e a realidade multifacetada
Vivência Expressiva: Monotipia

 

Material expressivo a ser utilizado:

  • Trazer um papel previamente colorido com manchas

  • Giz pastel seco ou giz de cera

  •  

 

Texto:
Fayga Ostrower: Materialidade e Imaginação: por uma narrativa das mãos - Criatividade e processos de criação – cap. II (pp. 31-53)

 


Recordação
Wans


Hoje já não recordo
Como foi ontem
Sei que são raios
Que passam brilhosos
No caminho vão deixando rastros
Mas somente aqueles com delicadeza
Poderão vê-los
Passarão com um flash
Somente aqueles que são especiais
Terão o prazer
A cada momento
São vistos diferentes
Mas são valiosos
Somente pessoas especiais
Poderão apreciá-los
Adorá-lo
Entre eles estarão
Seus desejos
Sua sede
Seu destino
Mas de repente
Entre eles
Surge do nada
Lindas florzinhas
Tão delicada
Como os raios de luzes
Ficam bailando entre eles
Como eles.

"E por essa razão Deus arrebata o espírito desses homens (poetas) e usa-os como seus ministros, da mesma forma que com os adivinhos e videntes, a fim de que os que os ouvem saibam que não são eles que proferem as palavras de tanto valor quando se encontram fora de si, mas que é o próprio Deus que fala e se dirige por meio deles.”
Platão

Nesta atividade o trazer pronto nos remete a surpresa da transformação, fazer as manchas é tentar rever nossos impulsos, o saboroso, gostoso, no fazer nos remete a surpresa do que imaginamos quando a figura aparece e vamos dando imagem, desenho, flor, animal, humano, cada um tem sua percepção e seu olhar, portanto cada um vai ter um olhar diferenciado conforme os conteúdos internos.
O que brota da mancha e transformar remete numa escolha, deixar como esta ou transformar num outro, na produção descobrimos nossos simbolismos, recriamos nossas potencialidade no processo de criação a partir de um criamos um novo dentro da materialidade existente em cada um, deixar emergir os conteúdo internos. Olhar as manchas e a partir desse encontro, o que gostaria de mudar.
Enquanto fazíamos a transformação foi contada uma estória O Caracol, algumas palavras que lembro, joaninha voando, caracol andando, grilo pulando, cigarra cantando, vaga-lume iluminando, formiga ligeira. "Mas veja só eu tenho casa pra morar" passa o caracol dizendo.
Após realização da atividade tiramos uma carta de tarô que dizia o seguinte:
Rosa Silvestre ( carta da flor) foi a minha, cinco é o número de pétalas da rosa silvestre. Cinco representa a força de vontade humana. A rosa representa o fogo espiritual do sol no coração do homem. É o símbolo de amor. De um lado a beleza e o perfume da flor, do outro, a rudeza do espinho, oferecendo ao mesmo tempo amor e dor. Assim, a rosa ensina que o segredo da felicidade está no equilíbrio.
A felicidade pode ser alcançada por quem sabe lutar e até sofrer por ele, abraçando a vida em sua totalidade, dando ouvido aos conselhos do próprio coração. Observa-se duas tendências antagônicas no homem: de um lado, unidade com o cosmos, do outro, separação irreparável. Gostaria de poder voltar a estar em harmonia, em unidade com a realidade, desfazer-se nela, ser guiado pela espontaneidade cósmica como um animal que vive a partir dos instintos.
Voltar para o colo da mãe Natureza, para o útero materno e eliminar essa ruptura, essa divisão, recuperar a unidade caracterizada pela indiferenciação - eliminando-se a consciência de si e, com ela, as decisões, o risco, o desconhecido, a insegurança, o medo, com o retorno ao todo primordial - é uma tentação que freqüenta o homem arcaico e continua a rondar o homem civilizado. Não conseguimos, ainda, nos libertar do modo de ver o mundo que nos foi legado.
O indivíduo se descobre a si mesmo como pessoa graças a resistência oferecida pelo outro sujeito, quando o próprio desejo vem bater na vontade independente do outro. Aí se manifesta a dignidade moral intrínseca da pessoa, que não permite que seja tratada como objeto se não quiser aniquilar o seu ser. É apenas na união erótica que atravessa e supera a separação, pelo desejo do outro que respeita a sua autonomia, que o self pessoal pode acender a si mesmo. Assim, o desejo de possuir e dominar pode transformar-se numa relação respeitosa da diferença e da liberdade individual.
Vale lembrar que o impressionismo elabora sua estética, tendo como ponto de partida elementos naturalistas cujas limitações, no entanto, transcendem pelo fato de amalgamá-los a componentes subjetivos, relativizantes e individualizantes, em que o dinâmico e o protéico fortemente se insinuam, por aceitação de elementos simbolistas.
Não é o objeto, mas as sensações e emoções que ele desperta, num dado instante, no espírito do observador, que é por ele reproduzido caprichosa e vagamente. Na captação dos símbolos e da interpretação das aparências sugestivas desempenha um papel básico do fator individual, pois uma mesma aparência pode ser valorizada distintamente em seu caráter de símbolo por diferentes sujeitos. Pretender entornar diretamente as sensações percebidas, sem analisá-las, são maneiras de perceber o mundo exterior e de traduzir tais percepções.
As evidências não palpáveis que se fixam no inconsciente coletivo representam os símbolos produzidos e construídos socialmente os quais por sua vez denotam a idéia representativa de uma realidade. As imagens mentais podem se tornar símbolo, quando se tornam familiar dentro de uma sociedade a ponto de ultrapassar seu sentido geral e imediato.
Os símbolos podem evocar diferentes olhares e entendimentos diversos, pois estão relacionados com a subjetividade, podendo tanto ser causadores de contentamento, como de desprezo ou repulsa. Portanto os símbolos têm essa característica de aflorar sentimentalidade que na verdade são reflexos de experiências com os objetos simbólicos.
Uma vez entendidos como representações do inconsciente pela mente do indivíduo, não se torna particularizados, ou seja eles não são representações individuais, mas coletivas. Para Jung:
“As origens do inconsciente estão além da história em si e dentro da evolução do homem (... ) o inconsciente mantêm-se com o passar dos tempos, sendo reserva dos elementos que caracterizam o homem não como ele é no momento em que vive.” (Jung,1993, p. 14)
As paisagens naturais com todos os seus elementos físicos assim como as paisagens artificiais, aqueles frutos da construção humana, consubstanciam em imagens e representações da alma coletiva. Os lugares estão carregados de afetividades e simbologias para um determinado indivíduo, que também faz parte do imaginário coletivo
O imaginário reporta-se aos simbolismos para exprimir-se, isso quer dizer que as representações sociais ou as imagens mentais dos indivíduos se expressam por meio de símbolos que chegam até o consciente como imagens, formando-se no inconsciente coletivo o que permite a comunicação com o imaginário.
Os aparatos imagéticos dizem alguma coisa sobre um determinado fato ou objeto, tendo, portanto uma função simbólica. Mas o simbolismo também incita uma capacidade imaginária, permitindo ver em uma coisa o que ela não é, ou seja os atributos simbólicos têm o poder de modificar a apreensão da realidade pois realizam uma outra leitura do mundo.
O mundo dos significados está repleto de símbolos que se alojam no imaginário coletivo, afirmando a identidade de uma dada comunidade. Suplantado pelos apetrechos teóricos da imagem e da imaginação, o imaginário estaria no plano irreal. Sendo fonte de (re)construção do real a partir das imagens, símbolos e signos estariam por sua vez (re)construindo as bases constituintes da vida social.
Na medida em que o homem passa a utilizar sua capacidade imaginativa metaforicamente, a partir de suas interações com o mundo real, ele passa também a criar seu imaginário. As representações do mundo feitas pelos homens refletem os seus valores e escolhas em um dado momento da existência, o que incide sobre o caráter subjetivo da imaginação, bem como do imaginário
A experiência com o mundo nos permite formular as primeiras imagens que armazenamos em nossas mentes ainda quando crianças, ela conota uma posição de passividade, pois nos achamos sempre sujeitos a sofrimentos ou a situações inovadoras, que resultaram em um aprendizado ou não. Assim a experiência implica a capacidade de aprender a partir da própria vivência.
Experiênciar é aprender, significa atuar sobre o dado e criar a partir dele A capacidade que o homem tem de criar e dar significado aos símbolos está entre um de seus atributos desde suas evidências mais remotas na terra, basta lembrar os registros iconográficos deixados nas cavernas ou ainda os imponentes templos destinados aos Deuses da Natureza que são na verdade resquícios de um estágio da evolução do homem.
Ao longo da história, acompanhando as transformações, o mito, a ciência e a arte surgem como formas de organização dos diferentes saberes e como modos de transformação da experiência humana. Tornar visível significa trazer uma imagem concebida por um homem e inseri-la no universo de muitos homens. O resultado do processo criativo é exatamente este. Consciente ou inconscientemente, emotiva ou racionalmente, o ser humano produz arte. O indivíduo criativo na vida adulta comporta-se de maneira semelhante, fantasiando sobre um mundo imaginário porém, discrimina da realidade. As forças motivadoras de tais fantasias seriam os desejos não satisfeitos, e cada fantasia, a correção de uma realidade insatisfatória.

ATIVIDADES REALIZADAS: O PROCESSO CRIATIVO

 

Aula: Vivência Expressiva
Atividade: Mandala

 

Material:

  • Círculo de papelão

  • Argila

  • Sementes diversas.

O circulo representa nosso universo, as sementes são os sonhos e desejos de cada um e simboliza a possibilidade de concretização. Cada componente do grupo diz uma palavra que simbolizou.

 

Mandala
No final volta ao inicio
E seu o universo
É o circulo é o símbolo
Os caminhos espirituais
Os desafios superados
A verdade
Poucos estão preparados
Vê-los
Sorver suas dádivas fluentes
Encontrar é difícil
Encontramos grandes e pequenas pedras
No caminho elas estão
Ultrapassá-la
Retirá-las
Remete-nos ao inicio
Como o círculo
Sempre voltamos ao inicio
Voltamos para dentro de nós
Somente os olhos preparados
Podem distinguir o interno
Vista no exterior
Iluminação espiritual
Poucos podem vê-la
Confere a necessidade de cada um
Despertar
Internalizado e enraizado.
Vence o momento
Ajuda na compreensão
Na sua intimidade
Simboliza
Lealdade
Perseverança
Esperança
Parti da sua construção
Torna-se seu talismã
Ela é sua
Mandala
Quanto separada
Mandala
Seja em silaba
Seja em vogais
Sempre se inicia
Mas nunca se separa.
Ser humano
Como saber
Tão estranho
Entender algum dia
Nada sabemos
Cada dia surpreendemos
Cada dia diferente
Ser humano
Como saber
É tão estranho
Sensação
Liberdade
Abrimos nossos corações
Perdão a si mesmo
Perdoar
Aprender
Perdoar
Aceitar
Ser humano
Como saber
Tão estranho
Poder
Curar
Está no perdão
Ajuda a nossa alma
Ajuda dirigir a quem é magoada
Ser humano
Como saber
É tão estranho
Perdoar
Leva-nos a reconhecer
a grande causa e os efeitos
Abre nossa mente
Perdão é estar livre
É tomar consciência da umidade humana
Apoio mutuo
Torna necessário em nossas vidas
Perdão
Aceitar
amarosamente as pessoas
Abrir-se diante de novos caminhos
Ser humano
Como saber
É tão estranho
Perdão sensação de liberdade
Surge quando abrimos nosso coração para o perdão
Perdoar é aprender
Aceitar
Cada um como ele é
Perdoar
É como a semente que ainda vai germinar
Vai emergir
É como a criança no útero
Alimentando para nascer
Perdoar
É um sentimento de amor verdadeiro
DO coração
Idéia iluminada que emerge da nossa sabedoria
Que manifesta da espontaneidade
Na ação
Emerge do belo
Do justo
Perdoar
Ser humano
Como saber
É tão estranho

A atividade com argila é muito estranha quando começamos a mexer no barro, do nada vão surgindo formas, o seu inconsciente trazendo a tona e dando forma dos seus conteúdos internos. Foi um momento importante pois não tinha ainda mexido com argila, mexido com barro sim, quando morava no interior e brincávamos com o barro molhado, fazendo figuras no final da tarde junto com os primos, pois morávamos todos juntos numa colônia, na fazendo dos meus avós. Época boa, onde não pensávamos nas tristezas, não tínhamos medo, podíamos andar e ter liberdade de ir e vir.
Mexer com argila remete nos aos dias felizes da infância, enquanto vamos dando formas a esse pequeno pedaço de barro. Barro esse diferente do nosso que estava a nossa frente e brincávamos. Hoje para que isso aconteça precisamos ir a loja e comprar, o mundo gira e muda, mas será privilegio para poucos ter a oportunidade de brincar com o barro na sua origem. Diante da realização do nada, pois o barro é a matéria prima de onde tudo pode surgir, propicia a aproximação e a expressão do nosso inconsciente, abrimos à possibilidade no manusear argila e do nada a transformação.
Diante do meu constrangimento, articulando e conversando com ele em algum momento resistência, mas ao final permiti o livre movimento que foi soltando aos poucos, permitindo assim o livre movimento das mãos e ver nascer do nada, dando forma, lentos as vezes, aflição, e os movimentos surgindo dando forma através do vai e vem do amassar, dando significado a cada movimento, como trazer a tona o que esta por baixo de tudo fazendo uma ligação com o mais profundo.


A elaboração foi no inicio ansiosa; o manuseio legal; manipular forma foi bom. O mais divertido foi colocar as sementes.
O semear é voltar a origem, lembrança do campo, época do plantio, estar com as pessoas, juntos semear, ver nascer, crescer, produzir. O renascer, o brotar simboliza o nascer, multiplicação, produto final, flores, frutos, novamente o ciclo, ir criando, deixando emergir. O fazer o que queremos, sem preocupação do correto, certo, bonito, feio, deixando, jogando as sementes.


Depois jogando a cola e dando movimento, experimentando, olhando, observando, refletindo a composição, o formato o nascimento. Com o vaso a semente do que sou eu, diferente ao pegar a argila não deu vontade de esticar, fazer sim, ir moldando a própria peça dando formato, ia surgindo com os movimentos das mãos, criando, amassando, sem preocupação do perfeito, do ideal, mas observando, refletindo sobre o produto final, o sentimento, as emoções do trabalho com as mãos até chegar ao produto final.


Podemos ver que através da expressão artística que o homem consegue colocar seu verdadeiro self da maneira mais pura que possa existir. É uma maneira simples e criativa para resolução de conflitos internos, é a possibilidade da cartase emocional de forma direta e não. É a elaboração do que é apenas vislumbrando, ou seja complexidade do que ocorre na intimidade de vários aspectos da realidade, na intimidade psíquica; um mundo de constante percepções e sensações, propondo estruturação da ordenação através das expressões simbólicas, pois são criações inconscientes que o consciente muitas vezes consegue captar, podendo buscar sua significação, transformando em imagens, colocando através do símbolos os conteúdos mais internos e profundos.


Segundo Rodrigues Santina( II Encontro aberto-Imagem e Palavra: Texto e a Narrativa naPsicologia Junguiana, na Literatura e nas Artes), O barro elemento materiais da natureza multicefacetada,tão distintos, não permitem um encontro em que o corpo e a consciência permanece do mesmo jeito. A especificidade natural de cada um desse material demanda uma relação particular com ele.Algo já está dado: a matéria em sua concretude, a materialidade que interfere nas reações da consciência e no curso do processo.


As reações da consciência podem configurar uma atitude estética ou ética, frente à materialidade. A atitude estética pode levar a uma paralisia ao manter o individuo mergulhado em um estado de nostalgia ou contemplação diante do que se apresenta à consciência. A atitude ética implica num compromisso da consciência para escapar das propostas ingênuas que lidam com o material como fetiche, tomado como objeto magicamente dotado de poderes e desvinculado de uma relação dialética – talvez pudéssemos dizer “tri-alética”


 O manusear  a argila nas mãos e olhar seu estado natural e transformar, entrar em contato, molhar, tolerar, amolecer, transportar para o mesmo estado dela e deixar  fluir do seu interior para que a imagem surge desse contato, entregarmos a imaginação. Ao lidar com o novo nos remete ao velho, que nos permite que a transformação nos traga em si novidade, a copia de si mesmo, projeção, representação. Jung enfatiza: o sonho não esconde, revela. A imagem é uma revelação. Deixemos que a materialidade também o seja, que possa se apresentar nas formas, sensações, imagens e cores deixando a fantasias transpor no limite do nosso interior.


O alquimista, ao se debruçar sobre a natureza, partia da matéria-prima e a submetia a uma série de processos, com o objetivo de transformá-la na pedra filosofal. Tais processos envolviam operações com os 4 elementos (fogo, terra, ar e água) e com a interação entre eles, visando eliminar as impurezas e facilitar a transformação da matéria naquilo em que ela seria em essência, mas de maneira não revelada. Nesse sentido, o alquimista seria um colaborador da natureza, procurando acelerar seus processos. (Freitas, 1987, p. 22)

Segundo a autora: Uma vez alguém disse que somos natureza vestida de gente. Nesse sentido, podemos então estreitar nossos laços com os elementos constitutivos de nossa psique, com nossa matéria prima, ao trabalhar com recursos vivenciais e expressivos relacionados aos 4 elementos e sua simbologia.


A Roda de Cura, também chamada de Roda da Doce Medicina Indígena, nos mostra que cada fase de nossas vidas é comparável ao desdobrar-se da semente (nascimento) em fruto (velhice e morte), o que constitui-se num processo de transformação.


Os estudos da psicologia profunda demonstram que a consciência e suas aquisições são um “filho” recente do inconsciente, e que a evolução da humanidade, como um todo, e da personalidade humana, em particular, transcorre – como é necessário – numa situação de dependência em relação às forças psíquicas que estão adormecidas no inconsciente. Desse modo, o homem moderno descobre – em um novo plano – a mesma coisa que o homem primitivo vivenciou através de formas intuitivas avassaladoras, a saber, que na força feminina geradora e abastecedora, protetora e transformadora do inconsciente atua uma sabedoria infinitamente superior à da consciência humana vígil, a qual intervém na vida do ser humano, convidada ou não, enquanto fonte da visão e do símbolo, do ritual e da lei, da poesia e da vidência, para salvar o homem e dar um sentido para sua vida. (Neumann, 1996, p. 287).

De acordo com a visão da Psicologia Analítica de C. G. Jung, o relacionamento entre os opostos está na base de nossa constituição psíquica. Assim, vamos aos poucos diferenciando a consciência do inconsciente, o dia da noite, o masculino do feminino. A nossa consciência separa os opostos para poder conhecê-los, voltando então a reuni-los numa nova totalidade, e nesse processo ela se expande e amplia.
Da mesma forma que os alquimistas colocavam que os 4 elementos, que formam dois pares de opostos, estão contidos na matéria prima que deu origem a toda a multiplicidade, à criação de tudo o que existe, podemos também dizer que, além de participarem da natureza à nossa volta,  também expressam forças psíquicas atuantes em nosso desenvolvimento, podendo ser relacionados às 4 funções da consciência que intermediam o nosso contato com tudo o que existe dentro e fora de nós. (Bernardo, 2001).

A Mitologia Criativa e o Olhardando corpo e voz aos diferentes aspectos do ser*
Autora: Patrícia Pinna Bernardo
* Texto correspondente ap cap 5 do livro: Arteterapia de Corpo e Alma


Iniciando-os nos mistérios da criação, da semente que se transforma em grão – do processo de transformação que envolve nascimento – morte - renascimento, o que garante a fertilidade da terra e de todas as nossas relações – e Deméter então ensina os homens a cultivar a terra, a trabalhar conscientemente com o seu potencial criador.
Jung nos ensinou que, do ponto de vista simbólico, os personagens dos mitos e contos de fadas podem ser vistos como representantes de forças que atuam em nossa psique coletiva, e portanto fazem parte da constituição de nossa natureza humana e da natureza planetária (de acordo com o ponto de vista da psicologia simbólica, psique e mundo são aspectos diferentes de uma mesma realidade multifacetada, que se manifesta através de infinitas faces). Por isso, o conhecimento do mundo e da natureza à nossa volta tem como contraponto e complemento indissociável o auto-conhecimento.

ATIVIDADES REALIZADAS: O PROCESSO CRIATIVO

A multidimensionalidade da psique
Vivência Expressiva: Criação de um escudo,

 

Baseado em escudos indígenas. Essa vivência pode ser utilizada para trabalhar o simbolismo animal, bem como o contato com a sabedoria da psique instintiva, e sua relação com potenciais ainda não atualizados, despertando e desenvolvendo recursos internos ainda não conscientizados e disponibilizados para a consciência.

Material expressivo a ser utilizado:

  • Um círculo de cortiça (se não tiver cortiça, pode ser de papelão grosso)

  • Conchas

  • Fitas coloridas

  • Barbantes

  • Cola branca

  • Folhas

  • Flores secas

  • Tinta glitter

  • Massa de modelar

  • Argila

Texto:
Grinberg: Jung, o homem criativo – cap. VI (pp. 133-170)

Escudos foi uma atividade diferente de todas as atividades realizadas, até o presente momento, durante o relaxamento entrou-se numa floresta densa, úmida com pequenos raios dourados entrando pelas pequenas fendas que escapa entra uma árvore e outra.


Caminhar entre elas sentindo o cheiro de terra molhada, ouvir o barulho do riacho no silêncio profundo dos mistérios de cada árvore. Quanto mais próximo, mais sentíamos o cheiro da terra molhada.
Vemos pequenas borboletas dançando na clareira que percorre o leito do riacho. Lindo, águas claras e cristalinas, sento e fico observando os pequeninos peixinhos dançando como bailarinas, buscando seu alimento entre as pequeninas pedras brilhantes no fundo do riacho, olho para cima e vejo um lindo céu azul, um lugar sagrado, que emana tranqüilidade, e paz espiritual. De repente sinto algo aproximar no espelho d'água um lindo anjo aproxima-se convidando-me para conhecer um lugar sagrado, levantei e fui junto até uma entrada onde uma cachoeira escondia a entrada, um lugar sagrado, buscando o que está dentro, trazendo para fora o sonho a busca o encontro do seu próprio eu. Viajando no tempo, buscando sonhos, tornando realidade. Buscando a realização dos sonhos adormecidos por longo anos, vagando na imaginação, sonhando livremente na busca da concretização.
Após o relaxamento deveríamos confeccionar nosso escudo, mas essa imagem não sai da minha memória, transportei para o papelão, ficando separado como se fosse dois momentos o antes e o depois. Assim, ficou sendo meu escudo. O meu anjo protetor. No final foram distribuídos cartas com animais que seria o protetor. Simbolismo animal. O meu saiu o Esquilo.
Esquilo - A energia do esquilo esta ligada ao armazenamento. Ele nos ensina o tempo certo em que devemos armazenar o alimento e o local para fazê-lo em segurança. Ele nos lembra que devemos estar abertos às mudanças. Se sintonizar ao ritmo do esquilo, coloque seus planos para funcionar. Mova-se para que sua energia não fique estagnada. Veja se tem energia para isso. Não espere as coisas acontecerem, dê o primeiro passo. Armazene dentro de si sentimentos positivos, eles serão nutrientes que lhe darão força para prosseguir. Seus bons sentimentos são um verdadeiro tesouro. Quando precisar deles, eles virão do fundo de sua alma e iluminará o seu caminho.
Procure não guardar ressentimento. Liberte-se deles porque só lhe prejudicarão. Não deixe que outras pessoas o envenenem. Desligue-se do seu passado. Isso o mantém preso, tornando-o uma pessoa sem iniciativa. Rompa com essa barreira, peça auxílio à energia da águia e voe livre.
Essas imagens ficou na mente como que entrasse em outra dimensão, vivenciada num mundo de luzes, sons além de outras imagens, o encontro com outra pessoa numa dimensão de desdobramento o encontro com a figura dos arquétipos, que está guardado dentro de cada um de nós, no nosso intimo, vivência e experiênciada num nível sutil.
Faz parte de um continuum, criações do inconsciente estando num estado alterado caracterizado por um aumento da sensibilidade, os objetos da percepção consciente são de fatos sutis e, por isso podem ser reconhecidos apenas em estado sensíveis e circunstanciais favoráveis.
Nessa atividade as imagens refletem o outro lado, o que está na sombra, se essa figura angelical está na sombra e enfrenta o desconhecido, o medo é o nosso grande inimigo se olharmos como se fosse uma advertência talvez seja o medo da morte, poderia dizer que seja uma negação da vida, o medo de enfrentar o novo, ir a luta, procurar novos caminhos abandonar crenças antigas, deixar que nossos instinto animal, nossa percepção e imagens aflorem, para aprendermos observar o belo, o feio, mal, bem, enfim percorrer o próprio caminho através do auto conhecimento que emergem nas atividades e aprender a nos conhecer. Ir para dentro de uma caverna nos remete talvez ao xamanismo que diz:


"Para que a pessoa continue a desenvolver esta perspectiva maior dentro, no seu modo de ver é vital e que é feito dentro de uma caverna, diante de uma fogueira, tendo ao nosso lado galhos recolhidos na Natureza que representam nossos apegos e relações do passado.
Como indivíduos vivemos à mercê do nosso passado. Os traumas sofridos ontem se alimentam hoje de nossos medos. O conhecimento pode ser atingido somente quando desprezamos do seu destino é uma vitima constante do passado. O espírito não pode se desenvolver enquanto carnes mortas estão apegadas a ele.
Livrar-se do passado para trazer o sagrado para nossa vida. O passado persegue, prende e restringe. O passado assim ficou para traz como um casulo de uma lagarta que transformou numa bela e linda borboleta."

(wwwxamnaismo.com/jaguar/universo)


Para mim essa atividade não mostrou a sombra, mas outro lado, uma figura de anjo protetor. Cada um nós tem um guardião, tem a sua medicina pessoal.
Os totens e os animais pessoais de poder são espíritos protetores que nos ajudam tanto em nossa vida cotidiana como em nossa busca espiritual visando a harmonia, e são um reflexo de nosso eu mais profundo, e também representam as qualidades que necessitamos neste mundo, porém freqüentemente está oculta e obscuras.


Quando as tiramos de lá estão selecionadas alguns aspectos das lições de vida que nos são dadas por eles para que sirvam de símbolos das lições que cada espírito necessita mais sensíveis aprender, nos ensinam a tornarmos mais sensíveis, buscando a unificação com tudo que existe.


Constituem parte do caminho do poder, no qual reside a sabedoria e na verdade compreensão do papel de cada um, não somos nós que os escolhemos, eles que comunicam conosco de um modo particular, tornando nosso orientador, ajudando em nosso aprendizado e crescimento.


O esquilo esse o escolhido está ligado ao armazenamento. Nos ensina  o tempo certo em que devemos armazenar o alimento, a sabedoria e o local para fazê-lo em segurança. Ele nos lembra que devemos estar aberto a mudança. Sintonizar ao ritmo do esquilo, colocar os planos para funcionar. Mover-se para que a energia não fique estagnada.
No meio da floresta densa, minha mente funcionou de modo diferente, como se fosse um novo ser, olhando o desenho agora transferido para o concreto e compartilhando com o outro, permiti me transformar, encontrar o equilíbrio entre o consciente e inconsciente, sombra e eu ego e self.


A transdisciplinaridade, segundo Nicolescu, se refere "àquilo que está ao mesmo tempo entre as disciplinas, através das diferentes disciplinas e além de qualquer disciplina. Seu objetivo é a compreensão do mundo presente..." (2001, p.51). Isto nos remete aos vários níveis da realidade e da percepção apontados pelo autor, além das zonas de não-resistência relativas a cada um, o que passamos a indicar mais a frente.

Os pensamentos são como flechas, uma vez lançadas alcançam o seu alvo. Seja cauteloso ou poderá um dia ser sua própria vítima.

Provérbio Navajo

Tudo está ligado, como o sangue que une uma família. Todas as coisas estão ligadas. O que acontece a Terra recai sobre os filhos da Terra. Não foi o homem que teceu a trama da vida. Ele é só um fio dentro dela. Tudo o que ele fizer à teia estará fazendo a si mesmo.
Ted Pery

Vocês devem ter notado que tudo o que o índio faz movimenta-se em círculo ou tem forma de círculo.
O Poder do Mundo trabalha sempre de forma circular e tudo tende a ter a perfeição do círculo.
O céu é redondo e a terra também, bem como as estrelas. O vento rodopia e os pássaros constróem seus ninhos de forma circular; as leis deles são semelhantes às nossas.
Até mesmos as estações seguem uma grande roda nas suas mudanças, voltando sempre ao ponto de partida.

 

A vida do homem é um círculo: de uma infância à outra. E assim é em tudo onde o poder se movimenta.
Alce Negro (1865-1950) Xamã Oglala Sioux

 

No princípio de todas as coisas, Tirawa, o Criador, deu a sabedoria e conhecimento aos animais.
Ele enviou certos animais para contar aos homens os mistérios das estrelas, do sol e da lua. Para Tirawa todas as coisas no mundo são duais. Em nossas mentes nós somos dois, bom e mal.


Com nossos olhos nós vemos duas coisas, coisas que são bonitas e coisas que são feias... Nós temos a mão direita que golpeia e traz mal, e nós temos a mão esquerda cheio de generosidade, e que sempre está mais próxima ao coração. Um pé pode nos conduzir a pelo mau caminho, o outro pé pode nos conduzir ao bom. Assim são todas as coisas.”
Letakos Lesa (Águia Noturna) Chefe Pawnne

Eu sou o vento que viaja de uma direção para outra, carregando e distribuindo as sementes da vida. Feito a neve, as minhas sementes desaparecem na terra reaparecendo sob uma nova forma.
Eu sou o grito do recém nascido que sente a primeira dor da separação. Eu sou o grito de toda a vida que alcança o mistério da verdadeira consciência.


Eu sou o eterno. Agora da criação, eu Sou o Espaço através do qual viaja o tempo. Através de mim você experimenta os dons da reflexão, esperança, sabedoria e assim você poderá conhecer a si mesmo. Conhecer-se como Criador e criatura, menor que um grão de poeira e tão grande quanto o Deus que você louva.
Chefe Archie Fire Lame Deer

 

Todos os pássaros, até mesmo os da mesma espécie, não são semelhantes, e o mesmo ocorre com outros animais e com os seres humanos. A razão que o Grande Espírito não fez dois pássaros, ou animais, ou seres humanos idênticos é porque cada um foi colocado aqui por Wakan Tanka para ter uma individualidade independente e confiar em si mesmo.
Atirador, dos Sioux Teton

 

De Wakan Tanka, o Grande Mistério, vem todo o poder. Por causa de Wakan Tanka é que o homem sagrado tem sabedoria e poder para curar e fazer feitiços sagrados.


O homem sabe que todas as plantas que curam são dadas por Wakan Tanka; por isso elas são sagradas. Assim também o búfalo é sagrado, porque é um presente de Wakan Tanka.


O Grande Mistério deu aos homens todas as coisas para comer, vestir e o bem-estar. E ao homem ele deu o conhecimento de como usar essas dádivas, como encontrar as plantas sagradas que curam, como caçar e cercar o búfalo, como conhecer a sabedoria.
Pois tudo provém de Wakan Tanka, tudo. Ao Homem Sagrado é dado na juventude o conhecimento de que ele será sagrado.


O Grande Mistério o faz saber disso. Por vezes, são os Espíritos que lhes falam. Os Espíritos não aparecem apenas em sonhos, mas também quando o homem está desperto.
Quando um Espírito chega, pareceria como se um homem estivesse lá, mas quando este "homem" acabou de falar e se põe a andar de novo, ninguém pode ver onde ele vai.
 Assim são os Espíritos. Com os Espíritos, o Homem Sagrado pode dialogar intimamente e lhe ensinar coisas sagradas. O Homem Sagrado vai para uma tenda solitária e jejua e ora.
Ou vai para a solidão das montanhas. Quando retorna aos homens, ele lhes conta e ensina o que o Grande Mistério lhe mandou falar.


Ele aconselha, cura e faz feitiços sagrados para proteger as pessoas de todo mal. Grande é o seu poder e muito ele é reverenciado; seu lugar na tenda é de honra
Maza Blaska (Pedaço de Ferro Liso), Chefe Oglala Sioux

 

A coexistência de vários universos, postulada pelos físicos, aproxima a ciência de última geração às tradições antigas. O tema da pluralidade de mundos é arquetípico. Se expressa nos mitos sob a forma de céus e infernos. A pluralidade de mundos se relaciona estreitamente com a pluralidade de dimensões, que também é aceita pelos físicos como possibilidade teórica.


A investigação psicológica baseada em contatos em nível imediato com o inconsciente revela que o homem apresenta várias dimensões existenciais paralelas e simultâneas. Além da existência vígil, sob forma tridimensional, possuímos estados internos de ser, ou seja, modos sutis de existir, sentir, perceber e atuar.
É possível, que os estados de realidade no interior da psique, acessíveis mediante a meditação e o sonho lúcido, sejam os mesmos estados que, segundo alguns teóricos da física, correspondem a universos que estão fora do nosso alcance por estarem em outras dimensões. Os estados oníricos conscientes e seus prolongamentos, os estados supra-conscientes durante a meditação, nos permitem experienciar por via direta a crua realidade e pluralidade dos nossos modos de ser.
O mundo interior do homem é real. Se não o fosse, os sonhos, as alucinações, as imagens mentais, os sentimentos e os pensamentos não existiriam. Os processos psíquicos estão lá, em nosso espaço psicológico, vivos e ativos, a despeito do que a ortodoxia científica unilateral conteste. A crua realidade dos mundos interiores se impõe por si mesma.
Sob o estado alterado onírico consciente, os acontecimentos se concretizam ante nós como não-pertencentes às três dimensões usualmente acessadas sob estado vígil. Nosso senso de realidade, ainda, os recebe como subversores da lógica temporal, o que nos impede de qualificá-los como pertencentes a uma quarta dimensão. Mostram-se mais em sintonia com a idéia de eternidade: podemos dar saltos súbitos no tempo interno rumo ao futuro ou ao passado sem que precisemos passar por momentos intermediários e sem que haja um limite para o alcance desse salto (além, é claro, do limite imposto pela nossa capacidade momentânea de imaginação). Também podemos igualmente dar saltos no espaço, indo de um ponto a outro sem passar pelos lugares que os intermediam.
Viajamos para outras dimensões de nossa existência durante a noite, nos sonhos. E acessamos dimensões psíquicas não-oníricas, ainda mais distantes, durante a meditação. Se, por outro lado, estivermos sofrendo a urgente necessidade de rapidamente atingirmos o final do percurso, este será considerado demorado e longo. Seremos invadidos por ansiedade e pelo desejo de que ela termine logo. Ao trajeto será atribuído o significado de algo longo e demorado.
Quando aprendemos a exercitar corretamente a nossa consciência, isto é, o fator psíquico que nos permite prestar atenção e nos manter em alerta natural, podemos viajar pelos mundos interiores com plena lucidez. Quando nos posicionamos para repousar e começamos a relaxar, surgem sinais que indicam a aproximação progressiva do estado letárgico. A percepção consciente desses sinais é útil por nos avisar a respeito da necessidade de maior cuidado uma vez que em tal momento a hora de deixar o estado vígil está chegando.
Temos sempre a tendência de crer que estamos longe da transição para o sono, mesmo quando ela está bem próxima. À medida em que o processo letárgico corporal aliado ao despertar consciente no mundo psíquico avança, as vozes são ouvidas como se fossem físicas e são acompanhadas por endopercepções de teores não-sonoros: visuais, táteis, gustativas e olfativas. Todas chegam à consciência com nitidez e intensidade equivalentes às proporcionadas pelas percepções externas e às vezes até maiores. Isso se deve ao alto grau de numinosidade das imagens internas.
Nessa etapa, tendemos a perder a vigilância devido ao poder altamente hipnótico dos pensamentos. Deveríamos intensificá-la e acompanhar a experiência para esperar o resultado. A maioria dos praticantes que tentam alcançar a experiência onírica consciente tendem a reagir às primeiras imagens numinosas com espanto, medo, ansiedade, curiosidade ou uma imensa euforia por estarem adentrando a um mundo extra-físico
O trabalho é árduo porque temos que unir dois extremos: observar os sinais e, ao mesmo tempo, não afugentá-los. São dois processos que normalmente não se combinam muito, não se realizam simultaneamente. Também não devemos nos fascinar por nenhuma imagem mas sim receber seu caráter numinoso sem com ele nos identificarmos.
A partir disso, concluímos que o ser, que atravessa a existência em inúmeras experiências em estado incomuns de consciência, constrói seu conhecimento de forma transdisciplinar, mesmo que a isto não se dê conta. Esta construção passa pelo acessamento das múltiplas idéias existentes nos diversos níveis de Realidade, razão porque é fácil identificar pessoas distintas com a mesma idéia.
A transdisciplinaridade apresenta-se, desta forma, como uma metodologia para o estudo do acessamento da consciência, aos diversos níveis de Percepção e Realidade, o que consolida o paradigma Transpessoal. Os veículos de manifestações do seres vivos são estáveis, sofrendo pequenas adaptações ao meio ambiente em que se manifestam, vão reproduzir seus iguais, que servirão de casa futura para atender a demanda evolutiva dos princípios espirituais que estão subindo nessa escalada evolutiva, pois tudo é vida.

ATIVIDADES REALIZADAS: O PROCESSO CRIATIVO

O desenvolvimento da Criatividade e seu favorecimento e aplicação prática nos contextos terapêutico, organizacional-institucional, pedagógico e artístico

Atividade: Apresentação de vídeo sobre o trabalho com a colcha de retalhos desenvolvido na Faculdade de Pedagogia do Centro Universitário São Camilo.

Texto:

  • M. C. Urrutigary: Arteterapia: A transformação pessoal pelas imagens – cap. 3 (pp.77-109)

Estilos, características e opiniões formam a "colcha de retalhos" do pensamento humano, se completando nas suas diferenças, dando lugar a riqueza das Artes e construindo sua História.

"Colcha de retalhos - caminhos que se completam”

Colcha de Retalhos
Wans


Nossa estória vai se formando
Como uma colcha de retalhos
Cada pedacinho
São momentos
Etapas que vivemos
São pedacinhos de diversidade
Pedacinhos de equilíbrio
Pedacinhos de pé-no-chão
Pedacinhos de mesa farta
Pedacinhos de base
Pedacinhos de dias maravilhosos
Pedacinhos onde se quebram obstáculos
Porque não pedacinhos de criação
Pedacinhos de beleza
Pedacinhos de meu amor
Pedacinhos de espiral
Pedacinhos de origem
Pedacinhos de sabores
Pedacinhos de racionalização
Pedacinhos de vórtice de luz
Pedacinhos de quando mergulho no desconhecido
pedacinhos inovadores
Pedacinhos de gestação
Pedacinhos que nos levam a refletir
Pedacinhos que nos fazem crescer internamente
Foram construídos um a um
Pedacinhos que são visto e admirados
Pedacinhos como as sementes
Pedacinhos que foram semeados ao longo dos anos
Pedacinhos que estão dando ótimos frutos
Pedacinhos que formaram colchas
Pedacinhos com alguns retalhos
Pedacinhos diferente
Pedacinhos desejados e ancorados em uma história vivida
Pedacinhos que se constrói na integração
Pedacinhos construídos nas relações humanas
Pedacinhos que propiciaram sentido e significados
Pedacinhos que nos permitiu tecer caminhos
Pedacinhos que capacitou compreender os processos relacionais
Pedacinhos que proporcionaram futuro e espaço reflexivo
Pedacinhos que possibilitaram uma articulação
Pedacinhos que privilegiaram a interlocução enquanto momento de auto-conhecimento
Pedacinhos costurados, arrematadas com delicadeza
Firmeza pelas mãos daquela que um dia deixará a receita para outros
Que poderão semear bons frutos
Costurar lindas colchas de retalhos

 

Que maravilha é uma colcha de tantos seres diferentes, formando a humanidade.
Por que quero que todos sejam iguais, pensem iguais, sintam iguais?
Eu sou um pedacinho no grande conjunto.
Embelezo sua criação de um determinado modo.
Outros realçam outras cores, outros padrões.
Importante é querer ser costurado aos outros retalhos e não ficar isolado.
Todos unidos na procura da união e da fraternidade, cada um do seu modo, formam a grande colcha da unidade da pluriformidade.
Autor desconhecido

Aos poucos vão surgido partes costuradas ponto-a-ponto com todo cuidado e delicadeza que requer uma boa e linda colcha, que embeleza, que aquece, que cobre e une vidas dentro de um mesmo espaço e mesmo assim permite que essas se movam se entrelacem sem que se percam ou saiam por ai pelo menos até o momento que decidam que seja assim, a colcha que requer cuidados aliás como tudo e todos a colcha que mesmo suja em alguns momentos em função do tempo não deixa de cumprir e ter o seu papel, até por que esta mesma colcha depois de lavada, seca e macia volta com seu requinte e nobre dever já citado antes.


A colcha de retalho feita de pedaços, feita aos poucos, feita pelo tempo dedicado de alguém que um dia decidiu juntar aos poucos tudo aquilo que parecia desnecessário e talvez inútil para outros, com tamanha sutileza foi-se construindo ali através da costura, uma forma de entrelaçar os diferentes quem sabe os iguais ou nem tanto assim para juntos dar sentido ao que aquece o corpo o coração e o espírito.


Enquanto elas se dedicam a atividade, relembram antigas histórias de relacionamentos amorosos.
Quando elaboramos a nossa colcha de retalhos, cada qual trouxe junto com seu pedacinho de pano sua história de vida, quando juntamos ou seja costuramos foram juntando os pedacinhos de cada estória, uns mais tristes e longos, outros apesar da estória deram volta, mergulharam profundamente enfim cada qual com sua estória, foram aos poucos formando uma linda colcha e como o filme que nos transmite o que esta atrás da confecção da colcha, saber ouvir, escutar a estória de cada um com seu valor sentimental, emocional.


O juntar significa compartilhar do momento com o seu familiar, amigo seja ele quem for que estiver ao seu lado para formar uma linda colcha de retalhos, pedacinhos, alguns machucados ainda com a asa ferida, mas pronto para dar o seu primeiro vôo, aprender a caminhar e voar sozinho, aprendendo a costurar sua linda colcha e sua história.
Ficar pronta nos remete a alegria de vê-la e compartilhar. Quando um dia nasce, uma colcha de retalhos se apresenta diante dos olhos. E nos mostra todo o mundo que foi sendo construindo aos poucos, percorrido por estradas amarelas. É difícil lembrar como tudo começou.


Só se sabe que os olhos se reconheceram quando o tempo da delicadeza deu seu sinal. E as agulhas começaram a bordar tudo aquilo que um dia viraria algo além do primeiro passo.


Pois este, é sempre o que tenta encolher a alma enquanto não passa a fazer parte da realidade. Quando o dia nasce, uma colcha de retalhos cochicha baixinho que o dia pode ser inteiramente seu, se assim quiser.
Porque a colcha, de tão sua já possui seu próprio coração. E tudo que carrega um coração cochicha sonhos bons, abençoando os arremates.


Constrói mais mistérios e possibilita muito mais do que uma travessura em ponto-cruz. Monta-se a colcha em conversas fiadas, em dias nublados regados a chocolate quente.
Mas também é possível montá-la em um final de tarde onde o sol esquentou o mundo e deixou uma brisa fresca entrar pela janela. Sozinhos ou acompanhados.
Pensando em voz alta ou tendo um dedo de prosa com alguém. A fábrica costurada não cessa sua produção, nem pede férias. Ela apenas descansa, enquanto acoplamos um novo quadradinho com cuidado.
Ousando, mas com cautela. E em um dia como esses, todo inteiro de uma grande descoberta, não há muito mais o que dizer. Só um pequeno sopro de vida: que você não se prenda jamais a nada que possa encolher a alma, a imaginação e a liberdade.


Não se renda jamais por nada e por ninguém que não lhe acrescente novos sonhos e inusitados saltos de pára-quedas. Pois a colcha de retalhos precisa continuar a ser feita. E você, com certeza, está muito além de qualquer fato que insiste em não plantar sementes em uma terra que promete.
Aparentemente pequenos momentos compartilhado, mas foram construídos várias estórias e ou seja memória de uma vida, lembranças de acontecimentos simples, parecerem de pouca importância, mas que ficaram gravados ao tempo . E talvez por isso muitas sensações ali experimentadas. É como no filme onde as senhoras contribuíam com a colcha de retalhos contando suas histórias e iniciam assim uma organização grupal, onde todas participam e se organizam entre si.
Autor desconhecido

Vivenciar esse ritual, atualizado e adaptado às nossas condições e necessidades atuais, ajuda-nos a resgatar elos perdidos que trazem à tona um novo desenho em que o eu, o outro e o mundo se integram e sintetizam, mantendo no entanto a sua singularidade, como que formando os matizes que compõem um arco-íris. Além disso, traz às nossas vidas a dimensão do sagrado, engendrando o respeito para com todas as formas de vida que nos cercam e nos constituem como ser, num trabalho de ecologia profunda. abrir-se para ser tocado pela palavra do outro e o encontro amoroso, o que conjuga Logos e Eros num movimento fecundo que está na base de nossa
Abrir-se para ser tocado pela palavra do outro e o encontro amoroso, o que conjuga Logos e Eros num movimento fecundo que está na base de nossa Criatividade.


Segundo Patrícia Pinna: O processo criativo envolve três momentos distintos: um mergulho no caos, uma morte simbólica e um renascimento Os rituais, quando revitalizados através da conexão com a dimensão simbólica que permeia nossas vivências, falam ao homem a partir do Self, ajudando-o a reencontrar o “fio do destino” com o qual poderá, a cada volta na Roda da Vida, retramar o eu, o outro e o mundo num novo desenho que lhe faça sentido e no qual se reconheça, presentificando o seu potencial criador de novos horizontes - o que constitui-se num fator de cura e crescimento.
Para o ser humano, o inconsciente pode ser considerado o portador de todas as singularizações possíveis e passíveis de serem deflagradas a partir do despertar de determinadas disposições internas pelo chamado do mundo (interno e/ou externo).
Retornar ao “estado de semente” equivale a uma morte simbólica e envolve o risco de ficar-se enredado nas infinitas possibilidades contidas no caos inconsciente. Por isso, nesse processo deve-se ter um “guia”, uma intenção e um propósito. A consciência, ao silenciar-se e abrir-se ao novo e ao desconhecido, inicia uma travessia num mar que pode também tornar-se revolto e arredio ao remo. É necessário construir-se embarcações à altura de tal empreendimento (formas de dar contenção à energia psíquica veiculada pelos símbolos, o que encontramos, por ex., nos diversos rituais de iniciação). A mesma energia que cria pode também tornar-se destrutiva (como o fogo). Todo arquétipo tem seu pólo positivo e negativo. Para que um processo seja terapêutico não basta simplesmente deixar que os conteúdos inconscientes aflorem. É importante, para tanto, poder relacionar esses conteúdos com a consciência, o conhecido com o desconhecido, o que poderá ampliar e enriquecer as relações eu-mundo. É importante também ter conhecimentos acerca dos ventos e tempestades (forças atuantes no desenvolvimento), saber manejar um leme (levar adiante o processo de elaboração simbólica), saber nadar (caso o barco vire) e ter à mão coletes salva-vidas (aquisição de recursos que favoreçam o contato profícuo com a dimensão psíquica); mas também ter espírito aventureiro, desbravador, aceitar os riscos (empreender o processo de auto-conhecimento e individuação), acreditar que ainda se pode encontrar tesouros, novos territórios, construir novas habitações para a sensibilidade (expansão da consciência). No entanto, apesar de todos os riscos envolvidos, o próprio viver já nos coloca ao mar (a consciência nasce e se expande a partir do inconsciente).
Aceitar plenamente esse trabalho - de se estar vivo - e exercitar de todas as maneiras possíveis o manejo e construção de embarcações (estruturação da vida psíquica), aprender a ouvir e compreender a linguagem dos ventos (entrar em contato com a dimensão simbólica), aprender a ler nas nuvens os sinais e a chegada de tempestades (os “Sinais de Fumaça”, as mensagens enviadas à consciência pelo Self), a nadar e a confiar na “correnteza da vida” (no fluxo da energia psíquica que circula pelo eixo ego-Self, que nos coloca sempre em contato com o que é mais urgente e essencial), é terapêutico tanto para quem está tendo dificuldades em se encaminhar em meio a ondas e revezes (bloqueios e crises) quanto para quem está navegando bem, pois a riqueza de experiências nesse sentido nos ajuda a aproveitar ao máximo essa viagem. Não é só depois de um naufrágio que se deve ter em mente a urgência de aprender a nadar, para poder mergulhar, apanhar no fundo do mar a ostra e trazer à tona a pérola, porque se não vamos à sua busca, em algum momento poderemos ser atirados ao mar à revelia. A vida nos cobra os honorários de sua ensinança: mais cedo ou mais tarde somos chamados a acertar as contas. E o que nos é pedido é significativo: que coloquemos no mundo, transformados e revitalizados, os recursos que dela retiramos para tornarmo-nos seres humanos.


 

Colcha de Retalho
Wans

Tamanhos pequenos
Tamanhos grandes
O que importa
Talvez memória de uma vida
Que o tempo transcorre
Trazem nos instantes lembranças
Acontecimentos tristes
Alegres
Talvez de pouco importância
Mas resistem ao tempo
Colcha de retalho
Razão de lembrar
Acorda
Momentos acolhedores
Juntando pedacinhos com pedacinhos
Como nossa estória sendo montado
Redescobrir o passado
Infância aventureira alegre
Sensações ali experimentadas
Juntando pedacinhos
O que importa
Colcha de retalho
Expectativa único sabor
Disponível, inalcançável
Realização, desejo
Possibilidade, sensação
Juntar os pedacinhos
Saborear os belos momentos
Lembranças dos velhos tempos
No quarto de costura
Olhando formar a colcha de retalho
Provocando impaciência
Atropelar ordens dadas
Juntando os pedacinhos
Colcha de retalhos
Construindo memória de uma vida
Retalhos escolhidos
Colcha de retalhos
Abriga nossas lembranças
passado recente
Colcha de retalhos.

A arte possui algo de sublime, não mais como fruto de um dom divino, mas porque com a arte o sujeito expressa não só seu sentimento mais íntimo e individual, como tem incorporado em si o universal e até mesmo a idéia de Deus. O amor dá um sentido à vida, à arte, ao homem em interação com o mundo, pois nada parece fazer sentido em si mesmo e sim com a presença do outro.Um princípio parece reger o mundo, que não deixa possibilidade ao sujeito de viver isolado e o interliga aos outros sujeitos.


O que seria então uma fuga, um egoísmo, uma aparente imanência radical, mostra-se mais uma vez, preocupação com o outro, com o futuro, uma transcendência e alteridade, ainda que por caminhos contrários volta-se para si para dar um exemplo e ajudar ao outro, sofre-se na própria carne para salvar o outro. criar as possibilidades para que aconteçam produções próprias de pensar, de questionar, é a aceitação do diferente.


Onde há vida, há movimento. O homem vive a unidade solidária de seu de

stino individual com o destino da comunidade a que pertence, não pode ter êxito ou fracasso por sua conta.


O problema do ser define-se então como possibilidade. A ação do homem no seu ser-no-mundo é desdobrada pela possibilidade originária de ser-com-os-outros, não é jamais individual.

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